quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boas Festas


Gloria in excelsis Deo

Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens.




Aos que visitam "Travancas da Raia", residentes em Portugal e no estrangeiro, e em especial aos emigrantes nos Estados Unidos da América, Brasil, França, Suiça, Bélgica, Alemanha e noutras partes do mundo, votos de Boas Festas e saudações na paz de Cristo.



Presépio na igreja de Travancas, junto ao altar de Nossa Senhora de Fátima. O pinheiro de Natal, símbolo de origem laica, já entrou na igreja, sendo integrado no ritual de representação da festa cristã.






Uma grande nevada, igual ou superior ao nevão de 30 de Novembro de 2008, deixou esta manhã o planalto de Travancas sem acesso à cidade de Chaves. A neve caiu em grossos farrapos até às 10 horas, impedindo-me de regressar a Lisboa. Espero no entanto chegar a tempo de passar a Consoada com outros familiares.


Decoração de Natal em Travancas

Grande Nevada de Natal

Três nevões em uma semana!
Último, o maior de todos.

Couves pencas sob a neve.



Obrigado ao Betinho do Café Central
Por me ter emprestado a máquina fotográfica. A minha, com a humidade, deixara de funcionar.

Carro rebocado por tractor desde Mairos até Travancas.


Rua da estrada
Travancas e outras aldeias da montanha só não ficam isoladas por muito tempo graças à circulação e limpeza dos caminhos feita pelos tractores.


Obrigado ao senhor Modesto
Por me ter mostrado os seus requinhos! As fotos vão ficar num post próprio.

Cão do senhor Modesto

Carros velhos. Em vez de ficarem a apodrecer à chuva e à neve porque não guardá-los num armazém e transformá-los em carros antigos?


Pinheiro na rua da estrada, um postal de Natal!


Terminada a nevada, o senhor Chico pega na pá e faz a limpeza da neve diante de casa. Já no Inverno passado o apanhei nessa faina!


Escultores do boneco de neve no largo de São Bartolomeu.


Os rapazes, bem divertidos, empurravam a carrinha à espera de serem filmados mas quem falhou fui eu que perdi a oportunidade de fazer um excelente vídeo!


Ainda pensei subir à torre sineira para um clic diferente mas o medo de um trambolhão tocou mais forte!



Para cá do rigueiro, no bairro da Barreira, moram alguns vizinhos que me habituei a ver passar, ora para irem e virem do trabalho, ora para irem e virem do Café Central. Assim era com os senhores Manuel e Acúrcio, que Deus os tenha em descanso. Assim é com o senhor Delmar, pacífico e bom vizinho, sempre afável quando lhe peço para tirar uma foto que ilustre a vida na aldeia.

As meninas do senhor José Alberto e da dona Ana.

Elementos profano e cristão na decoração da porta de casa. Em Travancas são poucas as habitações com decorações da quadra natalícia, ao contrário de Mairos onde até se veem diversas árvores iluminadas à noite.



Dona Mercedes, à porta de casa, a recordar familiares na Alsácia, em França.


Quando andava a fotografar a aldeia sob a neve encontrei na estrada este jovem de Argemil, primo do senhor Celestino, a caminho da terra. Deve ser dos poucos que resistiram à emigração.


Mais um boneco de neve feito no quintal da casa do cruzeiro.


Senhora da casa do cruzeiro desce escadas para ir à lenha?


Lá no alto, ao lado esquerdo da igreja paroquial, está a casa de granito com muitas janelas que vai ser demolida, consumada a venda. Uma tristeza!


Adeus Travancas, terra de neves. Vou ver se consigo sair! Bom Natal e bom Ano Novo para os que ficam.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Outra Nevada

Chegada do Inverno com neve, frio gelado e chuva

Segundo nevão em poucos dias


Travancas, ontem à noite, cobriu-se de branco outra vez.


Começou a nevar por volta das 23 horas e em pouco tempo os farrapos de neve cobriram campos, ruas e telhados.


As geadas caídas nas últimas noites fizeram com que a neve aderisse bem e se transformasse em gelo. Mas, durante o dia, a chuva fria, caída com intensidade, foi derretendo a camada de neve gelada. Achei invulgar, para não dizer estranho, chover com a temperatura nos quatro graus negativos.

O primeiro dia oficial de Inverno foi mesmo de fazer tremer de frio qualquer cristão, impedido-o de ir à missa.


Aliás, as geadas e o trabalho de fazer fumeiro já tinham feito alguns estragos na frequência da missa dominical, facto que levou o senhor padre Delmino a comentar que era uma pena haver tantos bancos vazios, que as pessoas já não estavam para fazer sacrifícios.


Hoje passei o dia todo à lareira, sempre com a lenha a crepitar, sob pena de tiritar de frio. Na rua também não passava ninguém.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Neve e frio de volta!

Primeiro nevão isola aldeias da freguesia de Travancas




Que saudades, Deus meu!
Desde Domingo, dia de Santa Luzia, que a meteorologia anunciava o abaixamento da temperatura e a queda de neve, nas terras de Trás-os-Montes, situadas acima de 400 metros. Como estava sol e céu limpo, não acreditei muito na previsão mas ia desejando que a neve voltasse, durante a minha estadia na aldeia. Ela cá está a cair "branca e leve, branca e fria!"
Seis graus negativos às oito da manhã!



Às 7h30 era este o cenário que via da varanda de casa, deixado pela nevada caída durante a madrugada.


A queda de neve durante o dia, com regularidade e sem intensidade, cobriu as ruas de branco. Aderiu bem, devido à baixa temperatura, alguns graus abaixo de zero.


À conversa com a vizinha.


Saí de casa e dirigi-me ao Largo de São Bartolomeu.


No largo, havia matança. Quando cheguei, os porcos já estavam a ser chamuscados no baixo, ao lado dos tractores.


Com a pedra na mão, pronto para raspar as cevas.


Relações de vizinhança
Alheios ao frio e à neve, vizinhos entreajudam-se, à vez.


O Berto, como é chamado por amigos e familiares, não tem mãos a medir. Hoje matou mais três suínos.


Dentro, era grande a azáfama. As mulheres aparam as tripas e o bucho. Depois preparam as víceras para o butelo, alheiras e chouriças; separam o fígado, o bofe o e coração; lavam, varrem ...



Ao sair da loja, cruzei-me com a senhora de alguidar na mão. Iria ajudar à matança?


Passando pelo Lar do Senhor dos Aflitos, encontrei a Dona Libânia e outra senhora, atarefadas a fazer o almoço, porque as empregadas da cozinha tinham faltado, impedidas de chegar a Travancas, por causa da neve na estrada.



Esta casa de granito, em ruínas, fica na esquina da Rua do Cemitério e da primitiva via de saída e entrada de Travancas, na ligação da aldeia a Chaves, pela Bolideira. Impelido por um sentimento de saudade caminhei para a direita.






Tinha estado aqui em Novembro a fotografar o palheiro e as abóboras. Encanta-me a rusticidade do recanto, a ruralidade, as alfaias agrícolas, o mugido das vacas e o latido dos cães.










A caminhada na neve levou-me até à nossa últma morada. Parte de mim jaz aqui, sob este manto de brancura. Emocionado, interrogo-me sobre o sentido da vida e recordo o texto sagrado:

"Lembra-te que és pó e à terra voltarás".


Os sinos não tocaram
Estava marcada missa às nove horas da manhã, por intenção dos que partiram, mas o senhor padre Delmino não subiu ao planalto, impedido pela neve.



Ao lado da igreja, está este casarão, moribundo. A previsível demolição será uma perda irreparável, para o património edificado de Travancas. Sinto tristeza e revolta interior só de pensar, que uma das mais bonitas casas tradicionais da aldeia, irá ser deitada abaixo.



Casa da residência do padre, pertencente ao povo. O último sacerdote a habitá-la foi o senhor padre Moura. Portas cerradas e escadas que não levam a nada. Outra demolição à vista? Andar por Travancas, num dia de neve, propicia a reflexão sobre o que esta comunidade é e o que quer ser.



Casa de granito, no cimo do povo, a ser restaurada. As casas são como as pessoas, de vez em quando precisam de tratamentos para estarem bem.



Simbiose de modernidade com preservação da arquitectura tradicional. Que o exemplo frutifique!

A ronda pela aldeia terminou. Faltou-me andar pela estrada, ir ao Senhor dos Aflitos ...


Em Travancas, neve e azevinho, símbolos da quadra natalícia.