segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Até ao lavar dos cestos

É vindima!

É uma jovem senhora que, pela amostra, não enjeita trabalho fora dos ditos lavores femininos.


O Planalto de Travancas não é propício à cultura da vinha. No entanto, nas aldeias da freguesia, há quem vindime e produza vinho com uvas colhidas na terra.



Mas o tempo das vindimas já lá vai e há duas semanas, em Argemil, acompanhei a Dona Amália, ao lagar da família, para retirar o cangaço. 


Pode não ser feminista mas a sua prática, de mulher batalhadora, sem receio de entrar num mundo tradicionalmente reservado aos homens, faz dela um exemplo vivo da nova mulher rural portuguesa, por oposição ao modelo tradicional de mulher dócil e submissa.



Para trabalhar, não usa batom nem pinta as unhas, mas tem a graça da feminilidade na roupa e no cabelo enrolado na nuca, como o das avós, no tempo em que não havia cabeleireiras.



Trabalha com desenvoltura a ensacar cangaço, pele dos bagos e grainhas, subprodutos do mosto com que faz a aguardente no alambique de Segirei.


É um trabalho solitário, o despejar do último mosto, do lagar para os cântaros...


Que carrega até à adega, no outro lado da rua, abrindo e fechando a centenária e imponente porta carral feita em castanho.


Na adega, tipicamente transmontana, despeja o mosto nas pipas para, com o amadurecimento,  se transformar em moscatel de Argemil da Raia!


A nossa heroína dá por findo o trabalho. Lavagem das mãos, hoje; amanhã, a do lagar!


1 comentário:

Anónimo disse...

Depois de ver e ler este Post(al), ai, que tenho mesmo de «meter uma cunha» ao autor do Blogue para que a D. Amália m'arranje uma «proBinha» desse moscatel de Argemil.
'stou a contar com ela!


Luís Henrique Fernandes