quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Erva para os coelhos

Avó Laurinda acarreta molho



Avó
Tu que tens cabelos branquinhos
Tu que tens mãos calejadas de trabalho
Tu que tens no rosto 85 sulcos da idade

Foste à Cortinha
Cortar erva viçosa
E carregaste às costas
Um molho 
Por Argemil arriba





Tocando as vacas para a loja, ao fim do dia.


Avó
Vi-te
Tu viste-me
Sentei-me ao teu lado
Sem saber o teu nome
Sem supor 
Para que querias 
O molho de erva verde da Cortinha



Avó
Agora já sei
Aprendi a lição
Os láparos comem couve-galega
Comem erva viçosa da Cortinha 




"Vou fazer 85 anos no dia 10 de outubro. Tenho três filhos, sete netos, cinco bisnetos"

Avó Laurinda
Bem-haja pela tua dádiva


Que Deus Nosso Senhor 
To acrescente
Amén


Em Argemil, como em toda a raia, galega e transmontana, é costume, depois de escanar o milho, por as maçarocas a secar,  penduradas nas lojas e varandas.



Aldeia de Soutochao - Vilardevós, Galiza (Espanha)


Coelhos alimentados, é hora de cerrar o cortelho.



2 comentários:

Anónimo disse...

Ternurento!

A "Avó LAURINDA" com certeza que, além das ervas da cortinha, também «foi às leitugas», para os coelhos.

(Sabe como se apanham?).


Luís Henrique Fernandes

PEREYRA disse...

Olá, Luís!
Depois de ter lido o comentário, informei-me, e agora que já sei o que são "leiturgas"; também aprendi que se apanham com uma faca velha! Tenho uma boa professora cá em casa!
A avó Laurinda é o retrato comovente da nossa gente transmontana autêntica cuja maior beleza reside no coração.