sábado, 28 de abril de 2018

Gata sem-abrigo

Adotou-me!

A minha adoção pela gata sem-abrigo, começou quando os narcisos começaram a florir.



Dois  dias após o meu regresso a Travancas  para passar cá a Páscoa, veio ter comigo,´acompanhando-me  ao Vale da Bouça, ao largo do coreto, à igreja e a qualquer lado, num raio  de 300  metros não me largava.


Seguia sempre à minha frente, como cãozinho amigo. Se eu parava, parava também, ficando à minha espera para iniciar a marcha.
Ao arrancar ervas aos morangueiros fica imóvel, a fazer-me companhia... 
A gata procura dono...
 


Com frequência começou  a roçar-se aos meus pés, comportamento que interpretei como sendo de afeição.


Mais recentemente, após nova ausência  da aldeia, soube que pariu três gatinhos...


Ainda sem se deixar acariciar...
aos meus pés, brinca...



adormece...


boceja...


coça-se...
mas, desconfiada, foge se tento fazer-lhe festinhas no lombo.


Não sobe a escada do pátio com receio da sapatada da dama primaz da minha companhia.

Rosna, chama por mim, parecendo dizer-me:
-Vem dar-me de comer!


E eu dei-lhe.
Ao fim de quase dois meses, enternecido pela perseverança e companheirismo dela, fui ao  Leclerc comprar-lhe comida, que devora com avidez.


Cativa, o meu dever moral agora é velar pelo bem-estar da gata de ninguém, caçadora de ratos e passarinhos descuidados...



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