Fumeiro do nosso contentamento
Enquanto o tempo de matanças vai continuar por janeiro fora - há quem mate duas vezes ou mais - o primeiro fumeiro já começa a ganhar cor nos lareiros, como neste do Nicolau.
Todavia, rompendo com a tradição, de há uns anos para cá, há quem faça enchidos ... sem fumo!
Esses chouriços, feitos à moda galega, são feitos com carne picada, da pá e da perna do reco, partes tradicionalmente usadas para fazer presuntos.
Fazendo chouriças. Maria, assim se chama a menina, tirou uns dias de férias para ajudar a família a fazer o fumeiro.
Couve penca ou portuguesa. Em Lisboa, há quem lhe chame couve de Natal.
Plantada em setembro e fins de agosto, é colhida, em força, na época do frio.
A couve penca quase sempre acompanha batatas cozidas. Se lhe juntarmos, na matança, as iscas do fígado de porco ou os "rijões", temos uma refeição simples, sem condimentos, mas suculenta e saborosa.
Na época das matanças também se colhem nabiças, semeadas depois do São Bartolomeu. Possivelmente, devido às sucessivas geadas, no princípio do mes, os grelos estão atrasados. No entanto, de espécies mais temporãs, já se colhem alguns.
Também já se comem alheiras do fumeiro deste ano! Consumidas com grelos e batatas cozidas, cá da terra, que paladar resiste a tal manjar?
Bucho ou butêlo, designações transmontanas, para o enchido feito com costelas partidas, sorsadas. Em minha casa, este prato costuma constar da ceia de fim de ano. Todavia, nunca vi buchos tão grandes como estes na cozinha do Nicolau!
Chouriça de cabaça com batatas, nabiças e feijões chícharros. Bem bom!
"Presuntos de Chaves" no fumeiro. Que melhor, que estes sabores caseiros da nossa terra?