Travancas, Argemil e São Cornélio viveram no último fim de semana ao ritmo dos festejos do Senhor dos Aflitos. Saul, estrela de cartaz da festa do patrono da freguesia, animou o arraial com a Fábrica de chouriça , o Bacalhau quer alho e outros temas conhecidos.
Procissão dos andores Fotos cedidas por Isaac Nascimento
A tradicional procissão dos andores partiu da igreja matriz para a capela do Senhor dos
Aflitos. Tal como no ano anterior, passou diante do lar da terceira idade onde se fez uma pequena paragem para oração.
Aguardando a passagem da procissão. Foram muitos os fieis que se lhe foram juntando pelo caminho.
Oito andores, dois deles em honra do Senhor dos Aflitos, padroeiro da freguesia.
O enraízado costume de pendurar notas nos andores vai-se perdendo mas em São Cornélio a tradição ainda é o que era.
Nossa Senhora de Fátima, rainha de Portugal, sai todos os anos em procissão
Santo Antonio casamentareiro
Oração: 'Santo Antonio abençoa-nos, a mim e a meu namorado; acompanha-nos até o altar e conserva-nos unidos pelo resto da nossa vida'.
Santo António, santo António
Ó meu santo milagreiro
Arranja uma moça bonita
Para um rapaz solteiro
Cumprimento de promessa a Santa Bárbara.
Protetora contra os relâmpagos e tempestades, é considerada a padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.
Andores dos patronos das aldeias de...
São Cornélio
São Miguel de Argemil da Raia
São Bartolomeu de Travancas
À chegada, antes da missa, a procissão deu a habitual volta à capela, em cujo espaço exterior se fizeram obras que vão contribuir para torná-lo mais atrativo e confortável.
Durante a tarde bailou-se e fez-se o leilão.
Como de costume, na noite anterior houve procissão das velas e rezou-se missa na capela do Senhor dos Aflitos.
A festa foi rija, como sempre, e nem a chamada crise da "dívida soberna" de Portugal foi suficiente para apagar o brilho do fogo de artifício.
"Pronto, vamos lá à missinha ouvir a história do outro sentado debaixo da figueira"
É assim que a minha mulher se recorda de ouvir dizer o pai às filhas, no seu jeito de bom homem brincalhão, quando se preparavam para ir à missa, no dia de São Bartolomeu, em 24 de agosto.
A referência ao outro, "sentado debaixo da figueira", era a São Bartolomeu, um dos doze apóstolos, natural da Galileia, também conhecido pelo nome de Natanael. Assim o designou São João, no seu evangelho, versículo 1, 45-51. Quando Filipe foi chamá-lo à figueira, para o apresentar a Jesus, e quando ambos caminhavam em Sua direção, Ele disse a Natanael: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento». Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: 'Vi-te debaixo da figueira'? Hás-de ver coisas maiores do que estas!»
São Bartolomeu, fundador da Igreja arménia, segundo uma lenda local, esteve na Índia a pregar o evangelho, antes de se instalar na Arménia Maior. Os arménios acreditam que São Bartolomeu expulsou o diabo do corpo de uma filha do rei Polímio, curando-a e aprisionando o demónio com correntes. Agradecido, o rei converteu-se ao cristianismo. No entanto, a conversão do rei, de sua esposa e de doze cidades, provocaram inveja a Astiago, irmão do rei e sibilo (bruxo) de um oráculo de culto ao diabo, existente na região. Astiago e outros sacerdotes pagãos, temerosos do poder do apóstolo, procederam ao seu martírio, conseguindo obter ordem para, no dia 24 de agosto, esfolá-lo vivo e crucificá-lo com a cabeça para baixo, no porto de Albanopolis, Mar Cáspio, (cidade atualmente associada a Derbent, na Rússia, ou a Baku, no Azerbeijão). Porém, o apóstolo, embora sofrendo terríveis dores, não se calou, continuando a glorificar o Senhor. Como não morresse com a crueldade, Astiago mandou cortar-lhe a cabeça e escapelizá-la. Só então os lábios do discípulo de Jesus se calaram.
A crença popular diz que no dia de São Bartolomeu, único dos apóstolos com poder de dominar o "moço", o diabo (o mal) anda solto pela Terra, fazendo malvadezas. Em muitas povoações acredita-se que o santo, (o bem) uma vez por ano, temeroso de uma revolta de Lucifer, acorrentado o ano todo, ou segundo outra versão, num ato de clemência, solta o demo no dia 24 de agosto.
Dia aziago
O 24 de agosto é um dia azarento. A crendice popular diz que não se deve trabahar demasiado neste dia, para evitar acidentes. Associado ao dia do santo padroeiro de Travancas, encontramos na história europeia, o célebre Massacre da Noite de São Bartolomeu, ocorrido em França na noite de 24 para 25 de agosto de 1572. Nessa noite teve início em Paris o assassínio de milhares de protestantes huguenotes, opositores da casa real francesa, católica. Habituados ao multiculturalismo dos tempos atuais, nem sempre nos lembramos que o fanatismo religioso esteve na origem de guerras religiosas que assolaram a Europa.
Devido ao seu martírio, São Bartolomeu é o padroeiro daqueles que trabalham em peles: curtidores, sapateiros, etc. É o protetor da aldeia. Todos os anos, a 24 de agosto, se celebra missa na igreja matriz, em sua honra. Dada a proximidade com a festa do Senhor dos Aflitos, os festejos laicos não são exuberantes. No entanto, no largo de São Bartolomeu, sala de visitas da aldeia, sempre há música e arraial. Este ano não foi exceção!
Como é da tradição, o andor de São Bartolomeu é levado em procissão pelas ruas da aldeia.
Percorrem-se algumas das ruas a rezar.
E por fim, em sentido contrário ao ponteiro dos relógios, dá-se uma volta à igreja de São Bartolomeu, onde se dão por concluídos os festejos religiosos. Almoço de cordeiro assado e batatas a murro servem de repasto ao convívio de famíliares e amigos. À noite é que é, bailando, velhos e novos, ao som do popular Baile de Verão - "aperta aperta com ela" - e de outras brejeirices.
É meu intento partilhar o olhar sobre uma aldeia situada na fronteira do "Reino Maravilhoso" para, como quem namora os ninhos situados no alto das árvores, torná-la mais apetecível aos olhos de quem a vê neste blogue.
Honestidade intelectual
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O ultimato, hoje, da Zona Euro à Grécia, berço da democracia, abalou a minha crença no projeto de uma Europa de nações, solidária. Desiludido, deixo de ser EUROLUSO. Doravante, serei PEREYRA, trasmontano e cidadão do mundo. 05-07-2015