quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Saul Brilha no Senhor dos Aflitos




Travancas, Argemil e São Cornélio viveram no último fim de semana ao ritmo dos festejos do Senhor dos Aflitos. Saul,  estrela de cartaz da festa do patrono da freguesia, animou o arraial com a Fábrica de chouriça , o Bacalhau quer alho e outros temas conhecidos.


Procissão dos andores
Fotos cedidas por Isaac Nascimento


A tradicional procissão dos andores partiu da igreja matriz para a capela do Senhor dos
Aflitos. Tal como no ano anterior, passou diante do lar da terceira idade  onde se fez uma pequena paragem para oração.


Aguardando a passagem da procissão. Foram muitos os fieis que se lhe foram juntando pelo caminho.
 


Oito andores, dois deles em honra do Senhor dos Aflitos, padroeiro da freguesia.


O enraízado costume de pendurar notas nos andores vai-se perdendo mas em São Cornélio a tradição ainda é o que era.


Nossa Senhora de Fátima, rainha de Portugal, sai todos os anos em procissão


Santo Antonio casamentareiro
Oração: 'Santo Antonio abençoa-nos, a mim e a meu namorado; acompanha-nos até o altar e conserva-nos unidos pelo resto da nossa vida'.


Santo António, santo António
Ó meu santo milagreiro
Arranja uma moça bonita
Para um rapaz solteiro



Cumprimento de promessa a Santa Bárbara.
Protetora contra os relâmpagos e tempestades, é considerada a padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.



Andores dos patronos das aldeias de...

São Cornélio


São Miguel de Argemil da Raia


São Bartolomeu de Travancas



À chegada, antes da missa, a procissão deu a habitual volta à capela, em cujo espaço exterior se fizeram obras que vão contribuir para torná-lo mais atrativo e confortável.
Durante a tarde bailou-se e fez-se o leilão.



Como de costume, na noite anterior houve procissão das velas e rezou-se missa na capela do Senhor dos Aflitos.





A festa foi rija, como sempre, e nem a chamada crise da "dívida soberna" de Portugal foi suficiente para apagar o brilho do fogo de artifício.



Nota: Fotos de arquivo

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dia de São Bartolomeu

O diabo à solta

"Pronto, vamos lá à missinha ouvir a história do outro sentado debaixo da figueira"
É assim que a minha mulher se recorda de ouvir dizer o pai  às filhas, no seu jeito de bom homem brincalhão, quando se preparavam para ir à missa, no dia de São Bartolomeu, em 24 de agosto.


A referência ao outro, "sentado debaixo da figueira", era a São Bartolomeu,  um dos doze apóstolos,  natural da Galileia, também conhecido pelo nome de Natanael. Assim o designou São João, no seu evangelho, versículo 1, 45-51. Quando Filipe foi chamá-lo à figueira, para o apresentar a Jesus, e quando ambos caminhavam em Sua direção, Ele disse a Natanael: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento». Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: 'Vi-te debaixo da figueira'? Hás-de ver coisas maiores do que estas!»



São Bartolomeu, fundador da Igreja arménia, segundo uma lenda local, esteve na Índia a pregar o evangelho, antes de se instalar na Arménia Maior. Os arménios acreditam que São Bartolomeu expulsou o diabo do corpo de uma filha do rei Polímio, curando-a e aprisionando o demónio com correntes. Agradecido, o rei converteu-se ao cristianismo. No entanto, a conversão do rei, de sua esposa e de doze cidades, provocaram inveja a Astiago, irmão do rei e sibilo (bruxo) de um oráculo de culto ao diabo, existente na região. Astiago  e outros sacerdotes pagãos, temerosos  do poder do apóstolo, procederam ao seu martírio, conseguindo obter ordem para, no dia 24 de agosto,  esfolá-lo vivo e crucificá-lo com a cabeça para baixo, no porto de Albanopolis, Mar Cáspio, (cidade atualmente associada a Derbent, na Rússia, ou a Baku, no Azerbeijão). Porém, o apóstolo, embora sofrendo terríveis dores, não se calou, continuando a glorificar o Senhor. Como não morresse com a crueldade, Astiago mandou cortar-lhe a cabeça e escapelizá-la. Só então os lábios do discípulo de Jesus se calaram.


A crença popular diz que no dia de São Bartolomeu, único dos apóstolos com poder de dominar o "moço", o diabo (o mal) anda solto pela Terra, fazendo malvadezas. Em muitas povoações acredita-se que o santo, (o bem) uma vez por ano, temeroso de uma revolta de Lucifer, acorrentado o ano todo, ou segundo outra versão, num ato de clemência, solta o demo no dia 24 de agosto.

Dia aziago
O 24 de agosto é um dia azarento. A crendice popular diz que não se deve trabahar demasiado neste dia, para evitar acidentes. Associado ao dia do santo padroeiro de Travancas, encontramos na história europeia, o célebre Massacre da Noite de São Bartolomeu, ocorrido em França na noite de 24 para 25 de agosto de 1572.  Nessa noite teve início em Paris o assassínio de milhares de protestantes huguenotes, opositores da casa real francesa, católica. Habituados ao multiculturalismo dos tempos atuais, nem sempre nos lembramos que o fanatismo religioso esteve na origem de guerras religiosas que assolaram a Europa.



Devido ao seu martírio, São Bartolomeu é o padroeiro daqueles que trabalham em peles: curtidores, sapateiros, etc. É o protetor da aldeia. Todos os anos, a 24 de agosto, se celebra missa na igreja matriz, em sua honra. Dada a proximidade com a festa do Senhor dos Aflitos, os festejos  laicos não são exuberantes. No entanto, no largo de São Bartolomeu, sala de visitas da aldeia, sempre há música e arraial. Este ano não foi exceção!



Como é da tradição, o andor de São Bartolomeu é levado em procissão pelas ruas da aldeia.


Percorrem-se  algumas das ruas a rezar.

E por fim,  em sentido contrário ao ponteiro dos relógios, dá-se uma volta à igreja de São Bartolomeu, onde se dão por concluídos os festejos religiosos. Almoço de cordeiro assado e batatas a murro  servem de repasto ao convívio de famíliares e amigos. À noite é que é, bailando, velhos e novos,  ao som do popular  Baile de Verão - "aperta aperta com ela" - e de outras brejeirices.

Nota: Fotos de arquivo



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bodas de Ouro

Parabéns
À Mercedes e ao Delmar que hoje festejam 50 anos de casados


I

Talvez em criança se vissem
E lado a lado passassem...
Nas estrelas estava escrito,
Que os seus olhares se cruzassem.

II
É no largo, ao domingo,
Ou no campo a trabalhar,
Que descobrem que se amam
E acabam por casar.




III
Difícil foi o início
Desta nova vida a dois;
Um a um nascem os filhos
E o pai partia depois.




IV
Foi para terras de França,
P´ra conseguir melhor vida;
A mãe foi criando os filhos,
Saudosa, na dura lida.



V
Passaram os dias, os anos,
Ele voltou, juntos estão.
Cresceram os filhos, têm netos,
Que família unida são!




VI
Já lá vão cinquenta anos,
Dessa longa caminhada;
Foi complicada a partida,
Como é feliz a chegada!



 
Texto: Mariana
Fotos: euroluso e Isaac