Autodidata
Chama-se Luís
Luís Carlos Batista, 24 anos
Começou a desenhar na escola primária. Quando regressavam dos passeios fazia
'desenhos que ficavam sempre na parede'.
Na primária
descobriu
'que gostava de desenhar. Ao princípio era com lápis de cor e depois com carvão, na telescola' - 5º e 6º anos - em São Vicente.
Nesse tempo
´Copiava desenhos animados que via na TV'.
'No 6º ano, o professor fez um concurso para ver quem desenhava melhor. No fim ganhei eu'.
O Luis vive, com os pais e a irmã, em Argemil da Raia, freguesia de Travancas. Às vezes, como na campanha da maçã, na Galiza, faz jeiras para ajudar a família.
No verão passado, trabalhou como empregado de mesa no
Café Geraldes em Chaves, onde teve quadros expostos, ao lado do quadro de Mário Lino, pintor flaviense. Não o conhece mas gosta das cores do artista.
No ensino unificado - 7º , 8º e 9º anos - estudou em Chaves, na Escola Dr. António Granjo. Nessa altura fazia desenhos a carvão e com tinta.
Tinha sempre a nota máxima a Educação Visual e a Tecnologia.
'O professor não me dava mais porque não podia', recorda, embevecido, os tempos em que o professor o ajudou a fazer uma exposição individual, na escola.
O Luís não fez o ensino secundário - 10º, 11º e 12º anos, porque o curso de Desenho Gráfco, que pretendia seguir, só existia no Porto e em Lisboa e a família não dispunha de meios económicos, para o mandar estudar. Ficou na aldeia, de onde emigrou para Madrid e por lá permaneceu alguns anos.
Sensibilidade artística
O Luís é um rapaz sociável, dando-se bem com os moços e moças da terra, como aliás acontecera na escola, onde teve bom relacionamento com os professores.
No dia a dia, concilia um visual moderno, com a preservação de valores tradicionais como a família, a amizade e a prática religiosa. Em 2008, foi padrinho de crisma de um amigo.
A pintura do jovem artista está carregada de erotismo. Retrata nús femininos que evidenciam graciosidade e leveza.
Gosta de pintar flores, especialmente jarros brancos e antúrios vermelhos, flores que no plano simbólico aparecem associadas à pureza e à paixão.
A própria forma das flores sugere uma cópula vaginal.
Potro, garanhão
É na tela da palete do atelier improvisado, na lareira da casa paterna, que Luis retrata emoções, sentimentos, ideias e visões de um mundo real ou imaginário.
'Gosto de pintar paisagens', segreda-me.
Paisagem ao luar
Por-do-sol tropical
A sua obra reflete também a cultura transmontana em que está inserido.
Apesar da sua juventude, Luís já tem uma vasta obra feita que ultrapassa centenas de pinturas. No entanto nenhuma é a óleo. Sem dar explicações, diz-me apenas 'Não pinto a óleo, já pintei'.
Pinta grandes superfícies, como a parede exterior desta casa de Argemil.
A parede interior de um salão de cabeleireiro.
A decoração de um quarto de criança.
O jovem pintor faz trabalhos por encomenda. Faz de tudo. Tem divulgado a sua obra, num café de Argemil, no Geraldes de Chaves e na feira mensal de Travancas. Tudo começou no entanto em Madrid, no café onde trabalhou, graças ao patrão que o deixava expôr. Foi aliás, na capital espanhola que começou a comprar pincéis, tintas, telas e a pintar lojas.
Projetos
Dadas as dificuldades que enfrenta, não faz parte dos projetos do pintor autodidata, retomar os estudos de artes gráficas. No seu horizonte está a eventual realização de uma exposição conjunta com um pintor de Vila Real. O que o preocupa, como a todos os jovens, é obtenção de meios económicos que lhe permitam sobreviver sem a ajuda dos pais. Para isso, o seu objetivo passa por 'tentar ficar mais conhecido, ir à TV apresentar o trabalho'.
Quanto a mim, desejo que algum "olheiro" da pintura o descubra e que, além de o incentivar a conhecer grandes mestres da pintura universal: Picasso, Van Gogh, Michelangelo, ou transmontanos como Graça Morais, Nadir Afonso e Mário Lino, lhe dê a oportunidade de mostrar o que vale.
Contato do pintor
telemóvel 93 467 99 17