RIP - Requiescat In Pace
Realizou-se esta tarde o funeral do senhor Américo Alves, falecido no dia 15, na sequência de um tiro na cabeça, na tarde do Domingo de Ramos. Ainda foi levado com vida para os hospitais de Chaves e de São João no Porto...
Este ato suicida é visto pelo Instituto Nacional de Estatística, com base nos suicídios de 2012, como sendo solução para cada vez mais idosos. Nesse ano,
em Portugal, num total de 1076 mortes, 727 reportaram a idosos; um aumento de 6,3%
em relação a 2011. Por que se suicidam os velhos, cada vez mais? Que sociedade é esta que temos? Que valores defendemos?
Com o seu típico boné, diante de casa, na nevada de 29 de novembro de 2010. Foi ele que me pediu para lhe tirar a foto, para os filhos, em Lisboa, o verem na internet.
As interpretações sobre o que leva o ser humano ao ato intencional de se matar são múltiplas. Para Albert Camus, escritor francês do século XX, "o suicídio é a grande questão filosófica de nosso
tempo; decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma
pergunta fundamental da filosofia".
O senhor Américo não era alcóolico, não consumia drogas, não sofria de perturbações mentais. Também não consta que sofresse de alguma doença incurável ou que passasse por dificuldades financeiras.
A caminho de completar 82 anos, em julho, era um homem saudável. Contudo, vivia só. Os seis filhos - quatro homens e duas mulheres - "estão para Lisboa", sendo um deles tenente-coronel de infantaria. Há um ano havia perdido a esposa, acamada durante mais de nove anos.
"O comportamento suicida está associado à impossibilidade do
indivíduo identificar alternativas viáveis para a solução de seus
conflitos, optando pela morte como fuga a uma situação
estressante".
Émile Durkheim, fundador da Sociologia, na sua magistral obra
"O Suicídio", defendeu a tese que este não é um ato individual, de desespero, mas sim, um fato social, com causas estruturais. Se num dado contexto social milhares de idosos ou desempregados, por exemplo, se suicidam é porque há causas comuns, evidenciando que a sociedade está num estado de anomia, disfuncional. O que está a levar então os nossos idosos, com baixo grau de integração social, a práticas suicidas, cada vez mais?
O senhor Américo Alves no magusto de 2011, no Lar do Senhor dos Aflitos, onde a esposa, entretanto falecida, estava acamada desde 2005. Não sendo "homem de cafés", era uma visita assídua do lar, onde se sentiria mais acompanhado.
Que a sua alma descanse em paz.
Não morrerá para sempre
A expressão "Não morrerá para sempre", ouvida num cântico da missa de corpo presente da senhora D. Maria dos Santos Pires, falecida em São Cornélio, aos 91 anos, tem uma importante carga simbólica. Expressa, para além da morte do corpo físico, a crença na ressurreição.
A missa de corpo presente realizou-se segunda-feira, na igreja de São
Cornélio, cheia de gente da freguesia.
Os funerais, porque envolvem habitantes das três aldeias da paróquia, são acontecimentos sociais importantes na comunidade pois, além de serem propícios ao desenvolvimento de relações interpessoais, cimentam laços de solidariedade entre vizinhos.
De igreja, o cortejo fúnebre seguiu para o cemitério de São Cornélio. Antes de ser construído, em 1992, os defuntos da aldeia eram enterrados em Travancas.
Próximo funeral
Numa população envelhecida, a morte é uma constante no quotidiano da
comunidade. Nesta semana contabilizam-se três falecimentos.
O terceiro é o do senhor Ramiro Sá, um
"jovem" com menos de 70 anos, falecido ontem, de ataque cardíaco, quando via televisão. Por motivos religiosos, que proibem a realização de funerais entre Sexta-Feira Santa e a Páscoa, o seu funeral só se realizará na próxima segunda-feira.
Para quando a notícia de um nascimento?