Depois de um Verão prolongado e sem chuva chegou o "mau tempo" trazendo frio e chuvas torrenciais durante dias seguidos.
Na semana que findou, quando a chuva amainou e o Sol voltou a brilhar por escassos três dias, aproveitei para captar as cores do Outono.
Nesta altura do ano a paisagem do planalto é marcada por diferentes tonalidades de cores das árvores de folha caduca. Das espécies cultivadas o castanheiro é a árvore rainha.
De fins de Outubro até à primeira quinzena de Novembro é o tempo da apanha da castanha.
As castanhas nascem, crescem e amaduram dentro de ouriços. Quando estão maduras o ouriço arreganha-se e, desprendendo-se do castanheiro, cai ao chão, onde o fruto é apanhado.
Para evitar o bolor, é costume estenderem-se as castanhas a secar em armazens ou po-las ao sol.
Disse-me o Tó que a produção deste ano foi menor mas que, em contrapartida, as castanhas eram graúdas. Em casa comi-as assadas e cozidas. Na Feira da Castanha de Vila Pouca de Aguiar também as provei fritas e achei-as saborosas.
Em Travancas há cada vez mais castanheiros, isolados ou em soutos, sendo a produção escoada para o mercado.
Capela do Senhor dos Aflitos no Outono.
Da castanha que fica para consumo, uma parte é dada a amigos e familiares que vivem nas cidades do litoral e no estrangeiro.
A carrinha que faz o transporte de encomendas para França levou muita castanha para os emigrantes matarem saudades da terra.
Este castanheiro alto faz parte do património arbóreo e cultural de Travancas. No núcleo urbano da aldeia há outros.
Castanheiros de Travancas
Embora a folhagem de tonalidades amareladas, acastanhadas e avermelhadas seja típica da estação, o verde das ervas - nascidas com as primeiras chuvas - e dos campos cultivados de centeio, vai substituindo gradualmente a cor da terra ressequida no estio.
Em Travancas, estrada e ruas vão dar ao Largo de São Bartolomeu, ornamentado com frondosos plátanos.
Gosto de caminhar num jardim, rua ou praça coberta de folhas caducas de todos os matizes.
A visão do Largo de São Bartolomeu, atapetado com folhas mortas dos plátanos, transmite-me sensações de bem-estar que me levam a inspirar profundamente o ar fresco.
Romantismo
O coreto em ferro pintado de verde, os baloiços, a brisa ligeira que sopra na ramagem dos plátanos, as folhas amarelecidas, a baixa temperatura e o sol de Outono, criam neste espaço uma atmosfera de recolhimento inebriante e rejuvenescedor.
Gosto muito do carvalho. Se tivesse capacidade de mando escolheria a sua folha para símbolo de Trás-os-Montes.
O fruto do carvalho é a bolota
O carvalho é endémico, cresce sem ser plantado.
Começa a aparecer aqui e acolá, como árvore ornamental e com valor económico, para produção de madeira.
Há vinte ou trinta anos ainda havia palheiros, agora as máquinas além de ceifar já fazem fardos