Durante o nevão, que cobriu de branco as terras altas de Trás-os-Montes, fui por duas vezes à Cota de Mairos, no alto do Vale Grande, uma das quais com o
engenheiro Batista.
Primeiro fui com um sobrinho brasileiro, de passagem por Trás-os-Montes, para conhecer as suas raízes.
Fomos na Sexta-feira de tarde, dia
28 de Novembro, logo a seguir à paragem da primeira queda de neve.
Até à fronteira, o carro subiu sem problema.
Todavia, a meio da subida do estradão de terra batida, de acesso à Cota de Mairos, começou a derrapar na camada de neve.
Descemos do carro e subimos a pé até ao alto da Cota, em território espanhol.
Pelo caminho vimos pegadas de um animal e identificamos o local onde parou para urinar. Seria um lobo?
Junto à cota, a 1066 metros de altitude, a camada de neve era diminuta, possivelmente por efeito da humidade do nevoeiro.
O nevoeiro cerrado não permitia que avistássemos a veiga de Chaves, terras da Lomba, serras portuguesas de Valpaços, Montezinho, Paradela, Barroso, Larouco e Gerês, assim como as serras de Manzaneda e Sanábria, em Espanha.
Fomos, depois, até aos aerogeradores, em ter
ritório português, tendo passado junto ao marco fronteiriço.
Por fim regressámos ao carro, tendo andado de marcha atrás até à estrada que segue para Arçádegos, aldeia galega na encosta Norte da Cota de Mairos.
Tojos floridos
Segunda viagem ao Vale Grande
À procura de mais emoções na neve
Sábado, 29 de Novembro
No Sábado, dia 29 de Novembro, num dos intervalos em que a neve não caía, tirei fotos a um jovem pai e filha que faziam um boneco de neve no Largo de São Bartolomeu.
Quando o ouvi dizer que iam de tractor ao Vale Grande, perguntei-lhe se podia ir com eles.
Respondeu-me que sim, tendo passado por minha casa - onde fui agasalhar-me melhor - para me levar.
- Ela vem de Espanha, é fria!
E lá fomos os três, de tractor, num momento em que a neve recomeçou a cair intensamente, dificultando a visibilidade.
A neve, a cair desde o dia anterior, deixou os campos cobertos de uma grossa camada de brancura. Mas nada que pudesse impedir o tractor de avançar pelo planalto acima!
A paisagem era magnífica, fazendo lembrar, em alguns locais, os mais bonitos postais de Natal.
O tractorista, com a neve a bater-lhe no rosto, resistiu com estoicismo à tempestade e subiu até à Cota de Mairos.
Posteriormente, dizendo o nome dele à minha mulher, natural de Travancas, fiquei a saber que esse educado senhor era afinal um prestável engenheiro - engenheiro Batista - a quem agradeço a amabilidade de me ter proporcionado o passeio de tractor ao Vale Grande.