segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera Raiana

Em Argemil
Apesar do recenseamento estar ainda a decorrer, a observação, ao acaso, nas três aldeias da freguesia, permite prever que Argemil é onde a estrutura etária se apresenta menos envelhecida. 



Primavera da vida é bonita de viver
Na aldeia residem vários casais em idade de procriar e algumas dezenas de menores de dezoito anos. Tinha indícios de a taxa de natalidade ser mais elevada que em São Cornélio e Travancas mas foi uma agradável surpresa ver tantas crianças e adolescentes juntos, no campo do jogo da bola!



Flor de ameixeira
Sábado foi o Dia do Pai. A Princesa telefonou-me de manhã a desejar-me um dia feliz e à noite a perguntar como o passei. Sozinho, em Travancas, fui ao cemitério e ocupei o "meu dia" primaveril a mexer na terra. Foi um dia de São José, como tantos outros, de rotina, em que nada fica para recordar.


Hoje,  dia do Senhor, mais um dia de sol primaveril. Depois do almoço peguei na bicicleta e fui até Argemil, com o objetivo de deixá-la no Café do Amaral  e ir, a pé, ao posto de vigia florestal, distante alguns dois quilómetros.

O senhor Modesto, no entanto, ao saber da minha intenção, levou-me de moto até lá.


A este vizinho, motoqueiro, filiado no Clube Motard de Chaves, corre-lhe nas veias o gosto pela aventura.


A 1060 metros de altitude tem-se uma vista panorâmica de 360º graus. Olhando para norte, reconheço as aldeias galegas de Florderrei e Terroso.



A aldeia é São Vicente da Raia. Mais distantes, os contrafortes da Manzaneda e da Sanábria.


Percorridos, pelo olhar, os quatro pontos cardeais, entretido a identificar as serranias, desci do posto de vigia florestal e concentrei-me na observação da flora, à procura da primavera vegetal.


Carquejas e tojos, embora endémicos, ainda não floriam. Flores campestres, de pétalas abertas, só uma ou outra, mais resistente ao frio.


Desci a encosta pelo caminho de terra batida, ladeado de campos de centeio, e fui ter com os jovens que jogavam à bola num campo perto do pinhal.



Futuro incerto
Quase todos são benfiquistas! Portistas, havia dois ou três; sportinguistas, nenhum. No processo de reprodução social, ficarão na terra,  ou seguirão os caminhos da emigração?


Regresso a Travancas


Os dias ensolarados aceleram a germinação e floração.


Mas são enganadores, com o tempo incerto há vegetação que não resiste a geadas de maio.



Quarta-feira já se prevê o regresso de chuva e frio.

Mas a primavera é assim: "Tão depressa o sol brilha como a seguir está a chover".



domingo, 20 de março de 2011

Fontes de São Cornélio

O tempo dos cantarinhos



Fonte do forno
Na aldeia existem duas fontes, em dois recantos bonitos, que me passaram despercebidas, na primeira visita que fiz.  As fontes, além de serem lugares onde a população se abastecia de água, eram um importante espaço social no desenvolvimento das relações de vizinhança. Hoje, sem utilidade, estão abandonadas, até que sejam consideradas como património  cultural que deve ser preservado.

Noutros tempos "As raparigas iam à fonte, empeneiradas com o cantarinho e os rapazes lá estavam à fala com elas".

Antigamente os vizinhos limpavam a fonte, tiravam as ervas.

A água era muito boa e fresca. Às vezes, no verão, faltava.


Casa restaurada  e fonte do forno ou do mergulho, frente a frente.



Do tempo da pedra  à roda motorizada.


Fonte do carvalho
Fica atrás do lavadouro, por baixo do carvalho. É pena o lavadouro ser inestético porque o espaço envolvente e a paisagem são bem bonitos.


"Hoje ninguém quer esta água"

Este carvalho tem alguns 50 anos? Pergunto.
-Bô, tem mais de cem, mais de duzentos, até!

Bebedouro
Água trazida da mina do povo. A bica, início do fim das fontes. A água canalizada, nas casas, foi o passo seguinte.

À fala com três dos moradores
Não sou de cá, sou de Argemil!

Conheceu o avô Benedito. "Fui contrabandista", disse-me.


Trabalho comunitário
Desempregado, o senhor Valdemar pinta, neste sábado primaveril, as alminhas de que a sua sogra toma conta.

domingo, 13 de março de 2011

Censos 2011 em Travancas

Quantos somos?


Censo e recenseamento são palavras que significam contagem. No caso dos censos 2011, a contagem é feita para sabermos quantos somos, como somos, onde vivemos e como vivemos.



A contagem da população é útil ao governo para distribuir,  por exemplo,  as verbas do orçamento do Estado, destinadas aos municípios e é necessária para se determinar o número de vereadores nas Assembleias de Freguesia.
Empresas, sindicatos, investigadores sociais e outras entidades, por diferentes razões, também fazem uso das estatísticas demográficas obtidas nos censos.

A ideia de contar a população é antiga. No Império Romano faziam-se censos para facilitar a cobrança de impostos aos povos dominados pelos romanos e os evangelhos referem que Jesus nasceu quando a família se encontrava em  Belém, para um desses recenseamentos.

Em Portugal, os censos, feitos de acordo com as normas internacionais, datam de 1864. Realizam-se de dez em dez anos, em data similar à de outros países, para permitir comparações internacionais fiáveis.  A operação "Censos 2011"  engloba o XV recenseamento geral da população portuguesa e o V censo geral da habitação.


De 7 a 20 de março os recenseadores, devidamente identificados pelo INE - Instituto Nacional de Estatística,  vão a nossas casas entregar os questionários, para preenchermos no dia 21. Desse dia em diante começa a recolha. De 21 de março até 10 de Abril, o inquérito dos censos também pode ser preenchido através da internet. Ver http://www.censos2011.ine.pt/. Em caso de dúvida, contatar a linha de apoio dos Censos (800 22 2011 - chamada gratuita).


Na freguesia de Travancas a recenseadora é a Maria José, filha do senhor António Ribeiro. O coordenador é o José Alberto Batista, filho do presidente da Junta de Freguesia.


Os dois, o Beto e a Zeza, vão fazer os censos da população e da habitação nas três aldeias da freguesia: Argemil, São Cornélio e Travancas.



Espero que ambos tenham a colaboração de todos, como eu tive na área onde residia, nos censos de 1981 e 1991.




Largo Empedrado

Onde era a casa do sargento Edmundo



Dez meses depois da casa do sargento Edmundo ter sido demolida... 


...a Junta de Freguesia deu início, no dia 3 de março,  às obras que vão transformar em parque de estacionamento o espaço antes ocupado pela casa.





O trabalho está a ser feito por uma empresa de Rebordondo.


Paroquianos de Argemil e São Cornélio, deslocados em viaturas para assistir a ofícios religiosos na igreja matriz, a partir de agora vão dispor de espaço destinado a estacionamento.




Espero, no entanto, para minorar a perda do património edificado da aldeia, que o novo espaço público seja ajardinado e humanizado com a colocação de arbustos ou canteiros de flores.


















Poda dos plátanos
Largo de São Bartolomeu


Gosto das árvores que embelezam a sala de visitas de Travancas. No verão a copa é frondosa e as folhas caducas, no outono, dão um ar nostálgico e romântico ao largo. 




segunda-feira, 7 de março de 2011

Leilão de Santo António

No Domingo Gordo


Em Travancas não se festeja o Entrudo há muitos anos mas o leilão de Santo António, esse, mantem-se vivo e é costume realizá-lo todos os anos por altura do Domingo Gordo.



Santo António não tem altar próprio na igreja matriz, para devoção, mas há uma imagem dele por cima do arco de acesso ao coro da igreja, ao lado de São Sebastião e de Nossa Senhora da Conceição. 



Em nome do santo protetor, duas senhoras, Amélia e Maria, percorreram a aldeia para fazer  o peditório.  Este ano foi fraco em pés de porco, orelhas, salpicões e dinheiro.


Em Argemil, o leilão, feito no Domingo Magro, rendeu bem mais, cerca de 800 euros. Há quem diga que é por a aldeia ser mais povoada e os moradores serem mais generosos, exemplificando-se com o fato de por vezes se deixar o troco em peditórios.


A tradição do leilão ao santo casamenteiro, feita no final da missa, perde-se na memória das pessoas mais velhas.

O requinho de Santo Antonio, a animar as ruas da aldeia, com o seu chocalho, reclamando ração, é que se perdeu...



O dinheiro da venda do reco, tal como o do "leilão da orelheira",  como é chamado noutras terras, é usado para rezar alguma missa e cobrir despesas da igreja.


Mas em igreja pobre, a todos continuará a proteger o santo franciscano.