Natal sem netos
Carta aberta aos flamenguinhos
O nosso pinheirinho não tem luzes como a vossa árvore de Natal mas, enfeitado com bolas coloridas e coberto de neve branquinha, também é bonito.
Os flamenguinhos.
Na verdade, dos vossos quatro costados só dois são belgas; a outra metade, bô, é transmontana!
Presépio feito pela avó
Descobri onde estão as vossas peças!
Na Casa do Pelicano, em Travancas, só não temos o Pai Natal à vista; ficou guardado. O Menino Jesus é que não podia faltar. É por ele ter nascido numa manjedoura, como um pobre, que há Natal! Prendas também! Ele é o alfa e o ómega, o principio e o fim de tudo.
Pela regra da alternância, este ano era a vez do Natal e do Ano Novo serem passados com os avós. Todavia, com a Covid-19 devemos evitar estar juntos, lavar as mãos e colocar máscara, tapando a boca e o nariz para o Coronavírus não entrar no nosso organismo. Por causa dessa doença ser contagiosa, a avó e eu viemos para Travancas, onde, desde Março, estamos sozinhos em casa.
Sozinhos, sim, mas não é bem assim porque temos de dar de comer ao Malhado e ao Gato Preto.
Consoada
Massa para fazer filhós
Para a ceia da Consoada e almoço de Natal, a avó esmerou-se a cozinhar. Eu gostei muito do abacaxi e do prato com batatas a murro, polvo e grelos.
O vinho tinto de Sonim, Santa Valha, um Terras de Salvante de 2012, estava muito bem apaladado. Escorregava bem. Como se costuma dizer, sabia a néctar dos deuses.
Juntos no Skype
Abrindo prendas
Até o papá e a mamã tiveram prendas! Que bom que a mamã gostou do perfume que lhe ofereci e não vai trocá-lo.
Missa de Natal
Pela televisão assistimos à Missa do Galo numa igreja de Pêro Pinheiro, perto de Sintra. Que coro fabuloso e cânticos divinos!
Esta tarde fomos, eu e a avó, à missa de Natal na igreja matriz de São Bartolomeu. Veio um padre novo rezá-la. Chama-se João Miguel, barrosão. O nosso pároco, um velhinho de 82 anos, está acamado na UCI do hospital por causa da Covid-19.
Um pouquinho da famosa música de Natal Gloria in excelsis Deo cantada na missa pela gente da aldeia. Esta música, tal como Adeste Fidelis são conhecidas no mundo inteiro. Os nomes estão escritos em Latim porque nas igrejas, antigamente, rezava-se e cantava-se em Latim, língua franca usada pelos cristãos de diferentes países para comunicarem entre eles. Hoje caiu em desuso e para comunicar usa-se o inglês, como fazem o papá e a mamã.
Adeste Fidelis foi composta no século XVIII por um compositor português e cantada pela primeira vez numa festa de Natal na embaixada de Portugal em Londres. Podeis ver e ouvir uma versão infantil. Basta clicar em Adeste Fidelis.
No adro, com máscara anti Covid-19.
O coronavírus só agora chegou a Travancas mas no Lar do Senhor dos Aflitos já estão infetados muitos velhinhos e funcionários.
Felizmente os cientistas criaram vacinas contra a Covid-19 e vamos todos ficar bem.
Jardinagem
Passei a manhã de Natal a plantar amores-perfeitos, planta cuja flor resiste ao frio, inclusive a geadas.
Na floricultura cada seis vasos custam 5 €. Escolho sempre as de flores amarelas e azuis porque são as cores da bandeira da União Europeia.
Num canteiro do pátio plantei os primeiros bolbos, de uma encomenda de 250 tulipas vermelhas - tulip apeldoorn - a uma empresa da Holanda, que chegou há três dias.
Flamenguinhos, o avozinho gosta muito de vós mas neste Natal, além de sentir a vossa falta, lembro-me muito do Gabriel, o bebé da foto, agora com10 anos, filho do vosso falecido tio João Pedro.
É uma grande tristeza não poder conviver com ele, levá-lo ao Pão Caseiro para lhe comprar ovos Kinder, e oferecer.lhe prendas no aniversário e no Natal.
Que será feito dele? Estará bem? Será que precisa do avô? Desculpai não conseguir conter a emoção e lacrimejar.
Post Scriptum
Vasquinho, hoje encontraste erros ortográficos na minha escrita? Um professor não pode dar erros! No outro dia até fiquei contente com o reparo que me fizeste. É sinal que estás atento à ortografia.
Juul (inho), então o pinheiro de Natal do avozinho não fica bonito, coberto de neve?
Beijinhos aos três.