O cabanal e o quinteiro estavam cobertos por um manto de neve fofa e o termómetro, na varanda, indicava dois graus negativos.
“ A neve, branca e leve, branca e fria, pôs tudo da cor do linho”
Cruzamento da estrada para Arzádegos (Galiza)
Casa na Rua de Espanha
Até à estrada que vai de Travancas para Argemil não encontrei ninguém na rua. Por onde andei, era o primeiro a pisar o manto de brancura que, de manhã, cobria Travancas e todo o planalto ao redor!
Só nas proximidades do Café Central ...
A neve, ora continuava a cair...
... ora abrandava.
O condutor deste carro bem manobrou e acelerou para subir a rua que contorna o largo de São Bartolomeu. Em vão, nem empurrado! Para mim foi um momento divertido, entretido a filmar a cena.
Espero colocar o vídeo no You Tube, partilhando desse modo um momento imperdível a que tive a sorte de assistir com a máquina fotográfica em punho.
Satisfeito, pelo primeiro contacto com o nevão, regressei a casa, para o calor da lareira.
Durante o dia fui várias vezes à rua com a finalidade de fotografar Travancas cobertas de neve.
Fui para o bairro da igreja.
Portão de ferro e neve.
Do adro tem-se uma bonita vista das casas situadas do outro lado da ribeira do Cabanco.
No papel de repórter fotográfico cruzei-me com alguns moradores. Um deles, num breve diálogo, comentou, com imaginação, que parecia o Pai Natal! lol
Senhor Delmar a caminho do Café Central
A rua, junto ao lar da terceira idade, animou-se com a passagem de homens e crianças ...
... saídos à rua para ir buscar lenha.
Uma família, unida pelo trabalho e na alegria.
A mimoseira não aguentou tanta neve!
Que lindo, uma mulher tipicamente transmontana! Esta senhora, com o xaile sobre os ombros, parece saída da capa do livro que tenho em casa, Terra Fria, de Ferreira de Castro e cuja acção se passa no Barroso há mais de meio século.
A Terra Fria é cada vez menos fria mas Travancas, sob a neve, faz avivar a memória desses tempos idos.
São Bartolomeu, padroeiro de Travancas, abrigado da intempérie.
O largo do coreto é local de festejos: Baile, no São Bartolomeu; e bonecos de neve, no nevão, feitos por crianças grandes e pequenas.
O divertimento é patente.
Uma das razões que me levou a Travancas foi a recolha das abóboras. O Tó Ribeiro ensinara-me a plantá-las. A colheita não foi grande mas o suficiente para ainda dar a amigos.
Durante a estadia experimentei fazer doce de abóbora. A primeira tentativa, durante três dias, em panela de ferro, foi decepcionante. O doce ficou em caramelo, duro como pedra!
A segunda tentativa, feita na noite anterior à partida da aldeia, já resultou mas ainda ficaram a faltar o cravo-da-índia e pedacinhos de amêndoa, como faziam a avó Luísa e a mãe.
O nevão permitiu transformar as ruas da Roçada e 1º de Maio em pistas de tabogan.
Para o menino o nevão vai ser inesquecível. Brincou, brincou ….
… mas faltavam-lhe amigos para o acompanharem na brincadeira!
Novos e velhos apreciadores de neve. O senhor Acúrcio, apesar da idade e da dificuldade em andar, não prescindiu do seu habitual passeio ao café, único lugar público da aldeia onde se pode estar com amigos e vizinhos, com algum conforto, fora de casa.
Travancas, na terra fria,
Vestiu-se toda de branco;
A neve leve caía,
Cobrindo-a com seu manto.
Tão bonito foi de ver
Tudo raso de alvura!
Lençol imenso de linho,
Estendido lá na altura!
Como é bonita a aldeia
Debaixo deste nevão
Há muito que não se via
Assim, tão grossa, no chão!
Quadras feitas por Mariana