Los antiguos hombres de la aldea
Ano, atrás de ano, viram as estações sucederem-se mais ou menos rigorosas, marcadas por sementeiras e colheitas, por festas e funerais.
Hoje ainda lembram Invernos de neve grossa que deixava as crias nas lojas e os cristãos bem acomodados, ao redor das brasas, com boa pinga e um salpicão no borralho…
Nesses dias, só os mais afoitos se aventuravam pelos campos, rasos de brancura, para caçar algum caçapo descuidado ou passar algum taleigo para Arçádegos, Flor de Rei, Terroso ...
A vida era dura e áspera a terra. Não poucas vezes a batata e o centeio mal davam para cobrir as dívidas de todo o ano. O pão era escasso e muitas as bocas. Por isso partiram, para terras de França. A salto, a maioria.
Económicos e trabalhadores, voltavam no Verão, aparentando outras posses. Tijolo a tijolo, ergueram as casas sonhadas. Animaram feiras e arraiais, cumpriram promessas com sincera devoção.
Regressaram de vez, com o coração dividido, porque os filhos ficaram longe. Então, tornavam-se grandes as casas novas … Com o passar do tempo, a ausência e a morte foram-lhes cerrando as portas e as janelas ... Mas outras se abriram, levando conforto e carinho a quem foi ficando só.
Envelheceram. As pernas um tanto perras não lhes obedecem como dantes.
Por isso ficam sentados na tarde soalhenta, numa sueca animada. E há um, de lado, quebrando as regras, que faz suspender o jogo a destempo: “Vós lembrais-vos duma ocasião em que os guardas prenderam uns treleiros com uns sacos de café, na Ribeira?”
Lúcidos, desfiam memórias e cortam vasas com gestos convictos.
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