Foi assim, aos olhos da sua filha Júlia, a senhora Maximiana, mulher de coragem e muitos trabalhos, mãe de oito filhos, que adorava:
"Mãe, eu me lembro como tu nos criaste com tanto amor; tu trabalhaste para que não nos faltasse o pão e a graça do Senhor.”
Conheci a Júlia quando andava a fotografar a aldeia, após um dos nevões que no Inverno deste ano cobriu de branco Travancas, por diversas vezes. Fotografei-a de longe e aproximei-me, pensando ser pessoa conhecida.
Mas ela sabia quem eu era. Como alguém lhe dissera que tinha um blogue, lembrou-se de me pedir para publicitar nele o seu livro de memórias, “A Chave do Paraíso”.
Pareceu-me ser uma mulher determinada na divulgação das suas memórias.
Pouco depois de nos termos conhecido, bateu-me à porta, trazendo o livro manuscrito em prosa e verso.
Entusiasmado com histórias simples de gente simples, fui com ela conhecer o seu mundo.
Abriu-me o portão …
E entrei na sua vida de todos os dias.
Entrei no seu passado, guardado no álbum, na companhia dos pais e irmãos.
A Júlia vivia com o pai, entretanto transferido para o Lar do Senhor dos Aflitos, por motivos de saúde.
Para não dares que falar;
Para não fazeres o mal
Para te poderes salvar.”
Estas páginas revelam o gosto da sua autora pela escrita e pela leitura, qualidades apreciáveis em alguém a quem a vida não proporcionou muitos estudos. Há nestas páginas influência de textos litúrgicos, de poesia popular e literária, de cantares sagrados e profanos. É o que acontece por exemplo com o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús, a Laranjeira de Santa Isabel, o Lavrador da Arada, o Romance de Marinão, o Relógio do Emigrante ou o Credo das Almas.
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Grávida outra vez?
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Estas páginas também são ecos duma cultura que se vai perdendo, de valores um tanto esquecidos que a Júlia sabe guardar no seu coração.