Em gradeamento e varanda de ferro
Primeiro, as heras avermelhadas, no muro de pedra velha, são sinal de que o verão se extingue e o outono vem a caminho.
Depois, dia após dia, o tapete de erva verdejante cobre-se com o manto de folhas caducas, de diferentes tonalidades de verde, amarelo, vermelho, castanho e violeta. Com a vista mergulhada na dádiva da palete de cores vivas, o coração exulta de alegria, entoando louvores ao Criador.
No outono, após as primeiras chuvas, descobre-se que brotam do chão cabeças de frade, níscaros e outras variedades de cogumelos, nem todos, porém, comestíveis.
Recordar é viver
No outono, até a velha varanda de ferro, cor de ferrugem, se torna mais bela, quando banhada pela luz suave das tardes ensolaradas. Recordações saltam à memória, dando lugar à saudade de tempos idos.
Observar a Natureza, estar atento ao que nos rodeia, é como estarmos a olhar-nos ao espelho!
Na Natureza vemos reflectida a nossa imagem, em lenta transformação. Nascer, crescer, reproduzir, envelhecer, morrer, num processo de vida, morte e renascimento contínuo.
Bela vista
Primeiro, o souto e os campos, semeados de pão, do Vale da Bouça; depois, Argemil da Raia; em tons azulados, ao fundo, as montanhas da Galiza... O que a Natureza fez igual, os homens dividiram.
Varandas da tua, da minha casa, um olhar para o mundo...
Ai, como eu gosto do Outono!
Tenho 'morrinha'!
Tenho saudade!
Tenho saudade!
Algumas das árvores fotografadas foram plantadas
por mim, por serem espécies de folha caduca, plantas que contribuem para o meu bem estar psíquico e emocional.
Uma vigorante caminhada, para fazer em dias de outono, é ir pelo caminho do contrabando, de Travancas às ruínas de Palheiros, passando pelo alto da Fonte Fria.
Se se plantassem mais árvores de folha caduca à beira do caminho...
...Ganhariam, em beleza, as aldeias raianas
e, em prazer desfrutado, aqueles que palmilham Terras da Raia!
Travancas no outono
Na fronteira da Natureza: Perseverância, viglância
Para concluir...
Autant de souvenirs / Tentas recordações
De tous les jours qui dorment là / De todos os dias que dormem lá
Dans le bois de la vieille porte.. / Na madeira da velha porta...
Adaptação de texto "La Vieille Barque", de Mireille Mathieu