Uma volta ao Senhor dos Aflitos
É costume, por volta do dia 11 de novembro, surgirem dias de sol, designados, na Europa, por verão de S. Martinho.
Este ano, impulsionado pela convidativa luminosidade, deixei a plantação dos bolbos de tulipas e fui de bicicleta até ao Senhor dos Aflitos para, pelo caminho, apreciar as cores do outono.
Uma lenda associa o bom tempo, nesta época do ano, ao espírito de partilha de São Martinho.
Reza essa lenda que, "num dia frio e tempestuoso de outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado no seu cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio..."
"...O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes".
"...Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade".
"... Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente, como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade".
"...Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias".
"...Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, a que se passou a chamar verão de S. Martinho".
São Martinho, símbolo de partilha
Filho de um oficial do exército romano, São Martinho nasceu na Hungria, no ano de 316. Em França, onde viveu, foi bispo de Tours.
O seu gesto generoso, de partilha da capa com um pobre, é fonte de inspiração para a prática de atos de partilha, de castanhas e vinho no seu dia.
Reconhecendo a importância da solidariedade no mundo globalizado, como a partilha da água, o Conselho da Europa, em 2005, considerou-o "personalidade europeia, símbolo de partilha".
O popular santo foi um dos primeiros grandes viajantes europeus. Reconhecido como valor comum europeu a preservar, o Conselho da Europa incluiu o Caminho de São Martinho, rota turística recentemente criada, na rede europeia de itinerários culturais.
Foi um revigorante passeio de São Martinho!