sábado, 25 de abril de 2020

Viva a Liberdade

A cantar a Grândola à janela


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

                                       Sophia de Mello Breyner Andresen



 Salgueiro Maia, Capitão de Abril, 1944-1992.

Foi ele, militar sem medo, quem, partindo de  Santarém na madrugada de 25 de Abril, à frente de uma coluna de blindados e 240 soldados da Escola Prática de Cavalaria, marchou sobre Lisboa, montou cerco aos ministérios no Terreiro do Paço e forçou a rendição de Marcelo Caetano no quartel da GNR situado do Largo do Carmo.



O povo de Lisboa, liberto dos grilhões obscurantistas que silenciavam a sua voz há 48 anos, saiu à rua para saudar os soldados, colocando cravos vermelhos nos canos das espingardas. A música de José Afonso, Grândola Vila Morena, tocada na Rádio Renascença às zero horas da madrugada de 25 de Abril de 1974, serviu de senha aos militares do Movimento das Forças Armadas para  iniciarem as operações de derrube da ditadura com o objetivo de Democratizar, Desenvolver o país e Descolonizar, pondo fim à guerra colonial de 13 anos.


Dois estudantes  universitários foram condenados  em 1961 a sete anos de prisão por, no Dia do Estudante, terem feito um brinde à liberdade numa esplanada da Baixa lisboeta.  Passados 46 anos da madrugada libertadora, o povo português vive em democracia, sem medo de ser preso por gritar em público  "VIVA A LIBERDADE".



Em Travancas, terra raiana e de gente solidária com  os do contrabando de sobrevivência, com os que emigravam a salto, com os opositores ao Salazarismo e com os democratas espanhóis que fugiam aos franquistas durante a Guerra Civil,  uma menina, hoje com mais de 70  anos, apanhou da professora porque dois familiares, um tio e o avô paterno do Presidente da Câmara Municipal de Chaves, nas eleições fraudulentas para Presidente da República, em 1958 haviam votado no General Humberto Delgado, candidato oposicionista. 



A celebração do DIA DA LIBERDADE, sem concentrações e desfiles, fez-se nas redes sociais. Às 15 horas, em todo o país, incluindo Travancas, se cantou à janela a  Grândola Vila Morena  e A Portuguesa.




Contudo, a propósito deste dia de celebração dos valores de liberdade, igualdade e fraternidade, há nódoas na nossa democracia que me entristecem.

Que regime  democrático e igualitário é este em que:

-  A filha do próprio capitão Salgueiro Maia teve de emigrar para sobreviver, trabalhando no Luxemburgo como empregada de limpeza em lares de  idosos, alguns infetados pelo coronavírus.

- Há dias, um morador de Argemil  com menos de 50 anos de idade respondeu-me, cabisbaixo, que não leu no telemóvel o meu SMS porque não sabia ler, alegando que na idade de ir à escola  o padrasto o mandava trabalhar.

  - O Presidente da República, professor Marcelo Rebelo de Sousa,  num ato louvável de caridade cristã, sente necessidade de no aniversário do 25 de Abril ajudar a distribuir refeições aos que vivem marginalizados na rua. 

 4º - A Assembleia da República não autoriza a deputada independente Joacine Katar Moreira, eleita numa lista partidária que obteve 60.575 votos, a discursar na casa da democracia no Dia da Liberdade.  Citando Voltaire, filósofo francês, "Posso não concordar  com o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-lo"



quarta-feira, 22 de abril de 2020

1ª Vítima do Coronavírus

Enterrada em Travancas

O senhor Manuel Batista,  natural de Argemil, faleceu no Porto,  onde vivia, vitimado pela COVID-19.


Embora em Argemil não more ninguém da família Magno, o corpo do autor do livro Sentença Iníqua  foi enterrado  no dia 22  de Abril  no cemitério de Travancas, onde a família Magno tem mausoléu.



domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa Feliz ´20

Confinamento em casa
Páscoa feliz com folar transmontano



Primavera, estação das flores e do renascimento para uma vida nova



Coronavírus lá fora, Papa Francisco no lar.



Meu lírio roxo do campo
Criado na Primavera


Olhai como crescem os lírios do campo:  (...) Eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 
In Sermão da Montanha
Evangelho segundo São Mateus 6,24-34


 Sagrada Eucaristia, alimento de Vida





quinta-feira, 9 de abril de 2020

Ao ritmo da pandemia

COrona VIrus Doença-(20)19

Anjo que trabalha, funcionária do Lar do Senhor dos Aflitos.


Na Festa dos Reis ninguém imaginaria  que dois meses depois muita coisa iria mudar.  Soado o alarme, em 2 de março, de primeiro infetado pelo coronavírus em Portugal, foram suspensas as visitas ao lar.



Na fase atual, de propagação da doença em lares, os do concelho de Chaves têm estado imunes ao contágio coletivo. Oxalá os profissionais do Lar Senhor dos Aflitos, onde estão dezenas de utentes, consigam preservar a saúde de idosos e funcionários.



Todo o cuidado é pouco para se precaver da entrada do inimigo invisível no Lar.


Motorista da empresa Gelcurto, Carrazêdo de Montenegro, deixa encomenda à porta.  Quando tiver partido, uma funcionária irá abri-la para a recolher.




S T O P

Aviso: Estrada encerrada ao trânsito de veículos  e pessoas pelo período compreendido entre 16 de Março e 16 de Abril de 2020. Passagem autorizada mais próxima Fronteira Vila Verde da Raia.


Marco fronteiriço número 269 na estrada que liga Travancas e Arçádegos, aldeia galega. A Câmara Municipal de Chaves, para impedir a contínua passagem de veículos,   colocou uma  viga de betão no lado espanhol da fronteira. Fez o mesmo em todas as  outras estradas do concelho com ligação a Espanha: Segirei, São Vicente,  Mairos, Cambedo  e Vilarelho da Raia.


Marcas de rodeira evidenciam que há quem faça desvio para contornar o obstáculo na estrada.  Não   é difícil adivinhar o recrudescimento do contrabando enquanto a liberdade de circulação de pessoas e bens não for retomada no Espaço Schengen.




Cafés fechados
Espaços de socialização

Café Central - Desculpem  o incómodo, diz o simpático aviso.
Desde o dia 16 de março, dia em que teve início o Estado de Emergência, que todos os cafés da freguesia estão fechados. Jogar à sueca, nem pensar!



Café do Bairro, São Cornélio, de porta e janelas fechadas


Café O Principal, Argemil, encerrado. Embora a mercearia do senhor José esteja aberta, o Café Moderno, propriedade do próprio, fechou.


Em Argemil um morador usa máscara na lavagem do passeio. E nos trabalhos agrícolas, que não estão parados,  alguém usa dispositivos de proteção individual?



Comércio porta a porta 


Os novos almocreves do século XXI  são vendedores ambulantes que substituíram os animais de carga por carrinhas, percorrendo as aldeias para venderem produtos alimentares e de limpeza.



A sua função social durante a pandemia é essencial no abastecimento, em bens essenciais, de populações rurais confinadas em casa. Também trazem e levam notícias de localidades vizinhas que não são divulgadas nos meios de comunicação social.


O merceeiro de Avelelas mantém comportamentos habituais, inconsciente ao perigo de contágio.



Padeiro de Tronco. Embora haja quem fale que há infectados na Castanheira, não deveria precaver-se? Calça luvas mas carece do distanciamento social recomendado pelas autoridades de saúde, superior  a um metro!


Recado a emigrante em França: A sua mãe está bem e em tempo de pandemia os pais ficam em casa, ao borralho. Proteja-se também. Um abraço.



Pão cacete, feito com farinha de trigo e centeio, leva para casa a sorridente funcionária do lar de  idosos.


A padeira de Vidago vem às terças e aos sábados. Aceita encomendas de bolos e broas de milho. Usa sempre luvas mas não as desinfeta com gel.



Folar encomendado à padeira da VidagoPão



Peixeiro de Sapelos, Boticas. Além de peixe congelado - o vendedor  de peixe fresco é outro - vende bacalhau, queijo e fumeiro, bens transportados numa carrinha frigorífica. Protege-se de contágio e não propaga  a doença. Consciencioso, usa máscara, calça luvas, lava as mãos com desinfectante...


 ... e usa baraço sanitário para os clientes ficarem a uma distância superior a um metro. "É pelos três filhos" menores que tem em casa e não quer contagiar, justifica-se.
  

Adeus, diz o Cláudio.



COVID-19 e Prática religiosa


Desde que a Igreja portuguesa decidiu em 13 de Março suspender o culto religioso comunitário  que os sinos da igreja de São Bartolomeu não tocam a chamar os fieis para missas dominicais e por intenção de familiares falecidos.



Não houve celebração do Domingo de Ramos, da via  sacra, nem será comemorada a Páscoa, a maior festa  da cristandade.  O "rebanho", sem pastor,  corre o risco de se dispersar e perder-se.



Alteração dos hábitos religiosos.


Transmissão da missa de celebração da Última Ceia, presidida pelo Papa Francisco, a partir da Basílica de São Pedro em Roma.




Feliz Páscoa
Em casa