Boneco de neve no Largo de São Bartolomeu, sala de visitas da aldeia.
Travancas é terra de neve, faz parte da Terra Fria transmontana. Porém, com as alterações climáticas os nevões deixaram de ser tão intensos e frequentes. Por isso, para todos os que de nós sentem saudades dela, é uma alegria vê-la chegar cedo e em força neste Outono.
Sábado, dia 29 de Novembro, levantei-me cedo para apreciar a paisagem nevada, iniciada na tarde do dia anterior.

O cabanal e o quinteiro estavam cobertos por um manto de neve fofa e o termómetro, na varanda, indicava dois graus negativos.
“ A neve, branca e leve, branca e fria, pôs tudo da cor do linho”

Subi à Roçada, no primero passeio pela aldeia.

Alfaias agrícolas na eira do Tó Ribeiro

Cruzamento da estrada para Arzádegos (Galiza)



Casa na Rua de Espanha


Até à estrada que vai de Travancas para Argemil não encontrei ninguém na rua. Por onde andei, era o primeiro a pisar o manto de brancura que, de manhã, cobria Travancas e todo o planalto ao redor!

Só nas proximidades do Café Central ...
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... é que vi um ou outro morador que ia ou vinha do café.

A neve, ora continuava a cair...

... ora abrandava.

O condutor deste carro bem manobrou e acelerou para subir a rua que contorna o largo de São Bartolomeu. Em vão, nem empurrado! Para mim foi um momento divertido, entretido a filmar a cena.
Espero colocar o vídeo no You Tube, partilhando desse modo um momento imperdível a que tive a sorte de assistir com a máquina fotográfica em punho.

Satisfeito, pelo primeiro contacto com o nevão, regressei a casa, para o calor da lareira.

Durante o dia fui várias vezes à rua com a finalidade de fotografar Travancas cobertas de neve.

Afinal, embora não fosse a primeira vez que via nevões em Travancas, era uma sorte nevar com tanta intensidade quando me encontrava na aldeia.

Fui para o bairro da igreja.

Ainda subi à torre sineira mas tive medo de escorregar.

Portão de ferro e neve.

Do adro tem-se uma bonita vista das casas situadas do outro lado da ribeira do Cabanco.

A ribeira, onde as mulheres mais velhas lavavam a roupa, foi canalizada.

No papel de repórter fotográfico cruzei-me com alguns moradores. Um deles, num breve diálogo, comentou, com imaginação, que parecia o Pai Natal! lol

Senhor Delmar a caminho do Café Central


A rua, junto ao lar da terceira idade, animou-se com a passagem de homens e crianças ...
... saídos à rua para ir buscar lenha.

Uma família, unida pelo trabalho e na alegria.

A mimoseira não aguentou tanta neve!
Que lindo, uma mulher tipicamente transmontana! Esta senhora, com o xaile sobre os ombros, parece saída da capa do livro que tenho em casa, Terra Fria, de Ferreira de Castro e cuja acção se passa no Barroso há mais de meio século.
A Terra Fria é cada vez menos fria mas Travancas, sob a neve, faz avivar a memória desses tempos idos.

São Bartolomeu, padroeiro de Travancas, abrigado da intempérie.

O largo do coreto é local de festejos: Baile, no São Bartolomeu; e bonecos de neve, no nevão, feitos por crianças grandes e pequenas.

O divertimento é patente.

Uma das razões que me levou a Travancas foi a recolha das abóboras. O Tó Ribeiro ensinara-me a plantá-las. A colheita não foi grande mas o suficiente para ainda dar a amigos.

Durante a estadia experimentei fazer doce de abóbora. A primeira tentativa, durante três dias, em panela de ferro, foi decepcionante. O doce ficou em caramelo, duro como pedra!
A segunda tentativa, feita na noite anterior à partida da aldeia, já resultou mas ainda ficaram a faltar o cravo-da-índia e pedacinhos de amêndoa, como faziam a avó Luísa e a mãe.


O nevão permitiu transformar as ruas da Roçada e 1º de Maio em pistas de tabogan.

A espessura da neve permitia inclusive a utilização de esquis, se os houvesse à mão! Uma questão a pensar!

Para o menino o nevão vai ser inesquecível. Brincou, brincou ….
… mas faltavam-lhe amigos para o acompanharem na brincadeira!

Novos e velhos apreciadores de neve. O senhor Acúrcio, apesar da idade e da dificuldade em andar, não prescindiu do seu habitual passeio ao café, único lugar público da aldeia onde se pode estar com amigos e vizinhos, com algum conforto, fora de casa.

Travancas, na terra fria,
Vestiu-se toda de branco;
A neve leve caía,
Cobrindo-a com seu manto.

Tão bonito foi de ver
Tudo raso de alvura!
Lençol imenso de linho,
Estendido lá na altura!

Como é bonita a aldeia
Debaixo deste nevão
Há muito que não se via
Assim, tão grossa, no chão!
Quadras feitas por Mariana