Salve, filho de David
Domingo de Ramos
No sexto domingo da Quaresma, Domingo de Ramos, tem início a semana santa, comemorando-se neste dia a entrada de Jesus em Jerusalém. Apesar do entusiasmo, de palmas que se agitavam à Sua passagem, aclamando-o como filho de David, Jesus sabia o que o esperava e como o aplauso da multidão é efémero.
Na festa, em memória desse dia, à falta de palmas, faz-se o ramo com galhas de oliveira, a que alguns juntam alecrim.
Não havendo olivais na freguesia, alguém se lembrou de deixar galhas no Largo de São Bartolomeu, para cada um se servir.
Algumas crianças levam para a igreja o ramo enfeitado com bolachas e rebuçados.
À espera do sacerdote
Como vem sendo hábito, o local da benção é o largo em frente ao lar da terceira idade.
Os fiéis, vindos de São Cornélio, Argemil ou Travancas, esperam, pacientemente, pela chegada do senhor padre Delmino.
As relações interpessoais, entre amigos e vizinhos, favorecem a convivialidade, o interconhecimento e a ideia de pertença à mesma comunidade.
Geralmente, os homens conversam com homens, as mulheres com mulheres.
Jovens com jovens mas sem sepração de sexos
Benção dos ramos
Os ramos simbolizam a vitória do Reino de Jesus Cristo. Na benção está presente a esperança de que quem o leva é um caminheiro que se dirige a Jerusalém celeste, numa vida repleta de boas obras.
Pelo valor simbólico, os ramos não devem ser jogados fora depois da procissão, mas devem ser levados para as casas e lá guardados com respeito ou queimados.
As cinzas usadas na quarta-feira de cinzas, são feitas com os ramos bentos no Domingo de Ramos do ano anterior. Um costume que vem deste do século XII.
Os antigos textos litúrgicos atribuiam aos ramos um sentido simbólico de vida, esperança e vitória de Jesus Cristo. O povo, porém, a partir da Idade Média, começou a atribuir aos ramos bentos poderes especiais.
Fiéis levantando os ramos, a ritualizar a entrada de Jesus em Jerusalém, enquanto o padre faz a aspersão com água benta.
Procissão até à igreja
A igreja vai alterando rituais, a simbologia permanece.
Há cerca de sessenta anos, na nossa freguesia, as cerimónias que precediam a celebração da palavra eram diferentes.
As portas da igreja fechavam-se. Dentro, ficavam os homens. Fora, o sacerdote e as mulheres.
O sacerdote cantava e o povo respondia:
Louvor, glória e honra a ti
Rex Chiste, Redemptor
Cristo Rei, Redentor
Foto de arquivo
Depois, batia-se à porta.
Davam-se três pancadas.
Só nessa altura as portas se abriam e todos cantavam:
Jerusalem louva o Senhor
Lauda Deum tuum, Sion
Louva o teu Deus, ó Sion
Hosanna, filio David
Salve, filho de David
Fim de missa, regresso a casa
Os afilhados, há décadas atrás, levavam o ramo às madrinhas que por sua vez os presenteavam nesse dia. Era bonito.
Passagem pelo Café Central, antes do almoço
- Tudo se prepara para o grande dia, o domingo de Páscoa. A festa da vida, da primavera, da Ressurreição do Senhor.
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