Ex-combatente da guerra do Ultramar
Deficiente ao serviço da Pátria
ECCE HOMO
Alertado, em tempos, para a existência deste homem solitário, a viver no século XXI em condições de vida degradantes, impróprias de país que respeite os Direitos Humanos, procurei-o
há dias.
Por feliz coincidência, encontrámo-nos quando ia ao linhar
plantar um balde de batatas. Embora acredite no livre-arbítrio, penso que o Supremo Criador me pôs no caminho deste homem simples, no sentido que é dado por Guerra Junqueiro, para me dar a oportunidade de ser "sal da terra e luz do mundo", parafraseando uma expressiva exortação do Papa Francisco aos cristãos, no Angelus de fevereiro passado. Bem-haja Deus meu!
Pobre dos pobres
Depois de umas duas horas à conversa, o homem, que comparo a um eremita, despojado de ambição material, deu-me do que tinha - batatas de semente, para plantar. Emocionado, aceitei a oferta.
Dialogando fluentemente comigo e tratando-me com urbanidade, deixou-me a
ideia de ser homem de bem e humilde, sem ser subserviente, causando-me admiração a dignidade com que fala de si e a verticalidade da sua postura.
Perante a dávida, não pude deixar de me lembrar do comentário de Jesus, ao observar a pobre viúva que deitou a sua oferta no gazofilácio do templo de Jerusalém. "Os ricos deram do que lhes sobrava para as ofertas; esta, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que possuia para viver".
25 DE ABRIL Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen
Quarenta anos depois da madrugada libertadora...
está por cumprir, pelos que exercem o Poder, o "D" de Desenvolvimento, constante no programa dos generosos Capitães de Abril.
está por cumprir, pelos que exercem o Poder, o "D" de Desenvolvimento, constante no programa dos generosos Capitães de Abril.
Bem-aventuranças
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados.
João Pilão "mal sabe assinar o nome" mas é um homem livre - Aqui na minha casa estou bem, ninguém manda em mim. Dele, tanto se diz "não ser bem feito", como ser "sociável, respeitador e um bocado inocente"; em casa, ao borralho, com sua gata, em Argemil da Raia, Trás-os-Montes, no dia 25 Abril de 2014, 40 anos depois da Revolução dos Cravos.
8 comentários:
Obrigado por essas imagens do meu primo que já anos que não o via mas fiquei triste de ver as condições que ele vive
Obrigada pelo seu trabalho. Fico sempre muito feliz quando posso ver a minha terra a qual faz muitos anos que deixei.. Também muito triste por esta ser uma grande realidade do nosso pais.. Pois penso que há muitos seres vivos em Portugal como este mesmo ser vivo.. Nas grandes metrópoles infelizmente nem um lugar para dormir tem. E o seu protagonista tem lugar para dormir tem comida e uma gata há há .. Bem haja e boa continuação ..
Ao primo do João
A Teoria do Bom Selvagem, de Jean jacques Rousseau - o homem nasce livre e é bom por natureza - se calhar, assenta bem ao retrato filosófico do senhor João! Apesar de viver pobremente, o seu primo tem uma postura que se dá ao respeito!
À anónima/o
Será que me engano que é uma pessoa bem disposta, que valoriza o aspeto positivo da vida, nem sempre cor de rosa? Como fui emigrante sei o que é ter saudades da terra. Escreva sempre!
Bom dia Senhor Adriano.. Não por acaso não se engana sou uma pessoa bem disposta ! Tento ver algo de bom em todas as coisas que esta vida nos da ,aprendi em 28 anos de emigração neste pais maravilhoso como é a suíça a dar valor a coisas que talvez quem nunca saiu de seu pais não sabe dar. Conheço o João desde sempre e acredito que se alguém o tirasse do seu próprio mundo faria dele uma pessoas infeliz. Sei e compreendo que a dita liberdade do 25 de abril não trouxe para todos o que muitos imaginavam ser pessoas livres.. O facto é que 40 anos depois o nosso pais está muito mal.. Há hoje muitos a emigrar e vêem viver em condições nada agradáveis sinto tristeza por tudo isso se estar a passar. Sou natural de Argemil e regresso cada ano a minha aldeia para matar as ditas saudades que o bom português tanto apregoa e por três semanas falar só a língua de Camões que é tão bela .. Mais uma vez agradeço muito o seu bonito trabalho . Uma boa continuação e até breve..
E continua a haver histórias destas, neste Trás-os-Montes que não nos liberta, nos prende pelo sentimento.
Um belo texto, escrito de forma soberba.
Um abraço.
Amiga leitora/r de Argemil, as suas belas palavras são, para mim, um estímulo, para que faça mais e, se possivel,melhor. Concordo consigo na apreciação que faz do senhor João.
Obrigado ao Armando Sena, de Pedome, pelo comentário Espero que apareça no próximo encontro da Blogosfera, para nos conhecermos!
Caro Amigo, estive presente em alguns encontros da blogosfera falviense, tendo num deles apresentado o meu livro "Na demanda do ideal". Na verdade, já há uns tempos que não participo.
Quem sabe no próximo, vou pedir ao Fernando para me incluir de novo na lista de distribuição do programa.
Um abraço e parabéns pelo blogue.
(...)
João Pilão "mal sabe assinar o nome" mas é um homem livre - Aqui na minha casa estou bem, ninguém manda em mim.
Amigo Adriano
-Um apontamento tocante, difícil de compreender o afastamento das "vantagens" desta vida.
Abril de 1974 já foi uma referência válida, um ponto a partir do qual, em teoria, não haveria lugar para excluídos. Apesar de não ser aplicável ao João Pilão,
haverá certamente muitas razões para que se chegue aqui, que pensam as gentes do lugar sobre este caso?
Um abraço, Vítor
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