sábado, 9 de agosto de 2014

Tempo das ceifas no fim

Colheita do pão

Antigamente, durante o verão, ranchos de segadores percorriam a Terra Quente, primeiro, e depois a Terra Fria, adentrando pela Galiza,  para ganhar a jeira nas segadas.


Com a mecanização, são os donos das  ceifeiras-debulhadoras e das enfardadeiras a fazer-se ao caminho, como este de Veiga do Lila, perto de Mirandela. Há vários anos que vem, ao Planalto de Travancas, ceifar o centeio a alguns agricultores cuja produção não justifica tão elevado investimento.


Esta estrada é lindíssima, especialmente ao fim da tarde, quando o sol desaparece no horizonte, atrás da Serra do Larouco. Não sei se o ciclista é de Curral de Vacas, como outros dois que subiram à procura de emoções especiais, sentidas por quem contempla, cá do alto, o mar de montanhas ao longe.



Dois homens ensacam o pão, logo a seguir à ceifa, trabalho mais demorado no passado. Além disso ocupava dezenas de pessoas,  no transporte dos molhos de centeio para as eiras, já borradas, na feitura das medas e nas malhadas.


Já tosquiadas, "As nossas irmãs ovelhas" - parafraseando São Francisco de Assis - também apreciam cereal, alimento que tornou o homem num ser sedentário.


"Não fotografe os fardos, fotografe as pessoas!"- atirou-me este agricultor de Argemil. Ele não deixa de ter razão mas este ano, sem procurar quem anda nas ceifas, não encontrei muita gente nesta árdua tarefa.


Os tradicionais fardos. 
Há queixas de que este ano,  além das espigas darem pouco grão, a palha também não terá sido muita, diminuindo as expectativas de o rendimento obtido com a venda, igualar o do ano passado, não chegando para cobrir as despesas.



Uma parte da produção de palha enfardada fica para o consumo do gado. No entanto não faltam compradores a subir a montanha, para se abastecerem de um bem de grande utilidade na agriculura, incluindo para a produção de estrume.


Travancas na vanguarda das novas tecnologias com as enfardadeiras de rolos. Ver a primeira foto.


Com o preço da batata e do centeio a não compensar a produção, salva-se a castanha.

 
Valha-nos Ceres, deusa romana da agricultura!


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