Pintor de Argemil pinta quadro do santo
Senhor dos Aflitos franzino, na cruz, coroado de espinhos mas sem ar sofredor e corpo ensanguentado, como é representado no filme de Mel Gibson, a Paixão de Cristo, ou nas aterradoras pinturas e esculturas da Arte Barroca. Logo à tarde, o Cido leiloeiro vai perguntar "Quem dá mais?"
O quadro a leiloar faz parte de um conjunto de pinturas, expostas no bar da comissão de festas. Trata-se de uma première, a entrada da pintura no recinto do Senhor dos Aflitos.
O Luis Batista não quis representar um Cristo sofredor. Vê no Salvador uma espécie de sem-abrigo português, dos nossos tempos; sem ar de semita, de belas feições e com look moderno - cabelo comprido escadeado e pêra. Enfim, um Cristo de rosto humano, mensageiro de paz.
Em alguns dos seus quadros mais recentes, como em "Noite calma no jardim", é visível a influência da pop art abstract, de Romero Brito, pintor brasileiro, em cuja obra o Luis admira as cores vivas e a alegria.
Desempregado desde janeiro, a iniciativa de expor os quadros durante a festa, corre-lhe bem; Até sábado à noite, tinham sido vendidos dois. "Tenho pena de vender um quadro", confessa, explicando a forte ligação emocional que o prende a cada pintura, ficando no entanto satisfeito, se percebe que o comprador tratará a sua obra com carinho.
Olho de Horus, deus egípcio, amuleto protetor tatuado na mão do pintor. Para êle, Horus - Deus do Sol ou Rá - representa liberdade, paz, harmonia.
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