Mas a invernia continua depois de bonito dia de sol
O primeiro dia de primavera, sem ser um dia de calor, - temperatura entre dois e nove graus - trouxe céu azul e muito sol a Travancas. Como que a saudar o tempo primaveril, foram muitos os homens a sair de casa e a juntar-se, à conversa, nas proximidades do Café Central. Para quem gosta de Vivaldi e quiser ouvir La Primavera, clicar aqui.
A chegada da Primavera também trouxe as primeiras flores. Na transição de estações do ano o narciso é a primeira planta não silvestre a florir na aldeia mais alta do concelho de Chaves. Desabrolha em qualquer canto, quase que de forma endémica.
Sem poder passear de bicicleta, fui até à Feira do Lázaro, em Verim, na vizinha Galiza. À saída de Travancas encontrei estes simpáticos ruminantes a comer o centeio.
Antes, numa ronda pela aldeia à procura de flores, descobri primaveras brancas junto à nogueira do largo de São Bartolomeu. À volta do santuário do Senhor dos Aflitos também há muitas. É um elixir para os olhos percorrer com a vista o bonito tapete relvado, coberto de primaveras floridas. Estas plantas silvestres, também cultivadas em viveiros, dão-se bem nos lameiros e em terrenos com bastante humidade. Florescem até final do Verão.
Outra planta campestre que floresce nesta época do ano é flor que se vê na foto, em tonalidades de azul ou branca. Desconheço o nome que o povo lhe dá. É uma planta rasteira. Nasce nas bermas dos caminhos e alastra em terrenos de poula.
Primavera, ma non troppo
Ainda há grelos sem estarem espigados! Embora não os plante, desfruto-os, comprados em Chaves ou dados por vizinhos. Aliás, estas relações de vizinhança, comparativamente, evidenciam a diferença de relacionamento entre vizinhos citadinos. Na aldeia é frequente darem-me grelos, batatas, cebolas, espinafres, alfaces, tomates, pepinos, fruta, folar e fumeiro, fato ilustrativo de que nas comunidades rurais a solidariedade, a dávida e a partilha são valores que marcam o dia a dia das populações.
Fumeiro da Dona Conceição, produtora familiar que participa na Feira de Saberes e Sabores de Chaves. Este ano matou nove recos e não tem mãos a medir! O tempo, ainda frio, também corre de feição para o processo de cura.
Sempre que o estado do tempo o permite, campos e linhares são lavrados e preparados para as plantações e sementeiras da primavera.
Mas, por aqui, nas aldeias da montanha, ainda não se veem árvores frutíferas floridas como na Veiga de Chaves.
Apesar de nesta época os dias ensolarados alternarem com chuva, frio e geadas, não é para a Páscoa de 2010 que botões de cerejeiras, pereiras e macieiras vão desabrochar e florir.
Para lá de São Vicente da Raia as montanhas da cordilheira entre Sanábria e Manzaeda ainda estão cobertas de neve.
E no planalto que vai da Bolideira a Travancas, passando por Cimo de Vila da Castanheira e Roriz, a paisagem de carvalhos e castanheiros que avistamos ao longo da estrada não é ainda primaveril.
Mais um sinal de que a primavera, no calendário, chega primeiro!
A provisão de lenha no outono não bastou para suprir necessidades acrescidas de um inverno frio e molhado. Por isso, há que picar mais!
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