quarta-feira, 26 de junho de 2013

As cerejas do senhor Ramiro

E o prazer de partilhar

Vive no Lar de Travancas mas é natural de Segirei, freguesia de São Vicente da Raia, onde tem familiares e cerejeiras.  O senhor Ramiro foi protagonista, há pouco tempo, de uma  bonita história de amor entre idosos, sem Happy End.
 

 
 
Mas a história de hoje é sobre o despojamento deste homem, que diz não ter medo de morrer. Há uma semana atrás, quando as cerejas de Travancas ainda não pintavam, ele, franzino mas rijo e lúcido, apareceu ao pé de mim dizendo:  -, abra a porta! 
 
 

Fiz o que disse e abri o portão do muro que separa o linhar da rua. Entregou-me então, num saco de plástico. mais de dois quilogramas de cerejas de Segirei, aldeia aconchegada num vale e  em cujo solo brotam águas termais.  "-São para si e a sua esposa. Diga-lhe que me lembro bem dela; tinha dois anos, quando trabalhava para a avó.
 
 
 
 
Nas mãos segurava mais sacos de cerejas, para presentear os demais vizinhos do bairro Além do Rigueiro. Penso que deve ter percorrido o povo, feliz, a fazer a distribuição, casa a casa, sem se esquecer dos companheiros residentes no Lar.
 
 
 
 
 
O gesto do senhor Ramiro, de partilhar as cerejas com os vizinhos,  lamentando que se percam aquelas que não são apanhadas, é revelador de uma louvável beleza de caráter que contrasta com o egoísmo e a ganância de outros.
 
 
 
 

1 comentário:

Paulo Ferreira disse...

"Boa pinta...e bom apetite !"