Início da Semana Santa
Este ano, o Domingo de Ramos, caiu um dia depois do Dia do Pai. Para os pais, que a felicidade da paternidade perdure pela vida fora!
Num domingo primaveril, os ramos enfeitados, para a madrinha, persistem em preservar um costume que, em Trás-os-Montes, dá aos padrinhos um importante papel na educação dos afilhados.
A bonita senhora de São Cornélio foi das primeiras a chegar ao largo do Lar de Travancas, para a bênção de ramos. Ao desejo dela, de mandar beijinhos e abraços aos familiares residentes no Luxemburgo, Travancas da Raia serve de correio, com agrado.
Como habitualmente, enquanto o senhor padre não chega, trocam-se dois dedos de conversa.
Formam-se agrupamentos informais...
E saúdam-se os amigos e vizinhos que estão fora.
E o senhor padre Delmino chegou, tendo bafejado o fotógrafo com um inesperado olá de boas-vindas.
O Domingo de Ramos é uma festa cristã que celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Ao contrário dos reis, que montam num cavalo, símbolo de guerra, Jesus entra na cidade montado num burro, símbolo de paz e humildade.
De acordo com o evangelho de São João, o povo, em festa, aclama-o como um rei, cobrindo o caminho com mantos e folhas de palmeira, símbolos de vitória e triunfo na tradição judaica.
Amor de pai
Em Travancas, como não há folhas de palma, é costume os ramos serem de oliveira e alecrim, mas há quem ponha loureiro.
A oliveira está associada à paz e o alecrim, entre outros significados, simboliza a imortalidade em cerimónias fúnebres. O loureiro é um símbolo de triunfo, usado nas culturas mediterrânicas pelos laureados.
Esta senhora de São Cornélio, apesar das pernas já não a ajudarem, marca sempre presença nas festas da paróquia. Cada vez que a vejo, o meu espírito alegra-se e a luz branca que dela irradia transmite-me uma sensação de bem-estar.
Bêncão de ramos
Todos levantam os ramos, para serem aspergidos com água benta.
Poulinhas, presente!
Hosana ao Filho de David!
Há cada vez menos crianças e menos madrinhas. No entanto, pelas terras da raia, o ramo enfeitado de guloseimas está a ser preservado. Oxalá seja adaptado à modernidade e se fortaleça!
Depois da bênção de ramos, os paroquianos presentes no largo, seguiram, em procissão, como peregrinos neste mundo, para a igreja matriz, onde foi celebrada a sagrada Eucaristia.
Oração...
Silêncio...
Homens de fé...
Meditação...
Missa de Domingo de Ramos.
Com o despovoamento das aldeias e menor prática religiosa, longe vão os tempos em que a igreja ficava abarrotada de fiéis.
Findo o ritual religioso de comemoração da chegada de Jesus a Jerusalém, é hora de regressar a casa.
No adro, relacionamento entre vizinhos, antes do almoço.
Que fazer com o ramo benzido? Resquício de paganismo, há quem o ponha atrás da porta, para dar sorte, ou para queimar. Acredita-se que o perfume do alecrim purifica o ar e afasta os maus espíritos.
Travancas, Argemil e São Cornélio, unidas pela prática religiosa, até quando?
Alegria pelo dever cumprido.
O futuro está aqui, nas duas!
Geração grisalha, fiel à tradição.
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