Hibernal horizonte vermelho
Maravilhosa visão do pôr-do-sol, ao longe, nas alturas de Barroso.
O encontro com o Éden deu-se há dias, num entardecer gélido, quando subi da Veiga de Chaves à "Montanha".
O grande escritor transmontano, Miguel Torga, a este paraíso deu-lhe o nome de Reino Maravilhoso.
Extasiado, parei o carro no divisor das bacias dos rios Tâmega e Tua, encantado com a beleza da obra do Criador
do céu e da Terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Contemplar o astro rei no ocaso, inundando de vermelho o horizonte, é
um ensinamento, uma graça concedida à criatura de barro que o Criador insuflou com o
sopro da vida.
Do Oriente ao Poente, do zénite ao nadir, o percurso solar é similar ao do viandante no caminho para o Oriente Eterno. Nascer, crescer, morrer, renascer, num eterno ciclo de vida e morte. Nesta misteriosa peregrinação, uma arcana interrogação: tem o homem uma missão?
Perante tão grandiosa dádiva, faço minha a prece "Eu Profundo" de Fernando Pessoa:
Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e
a morte!
O sol és tu e a lua és
tu e o vento és tu!
Tu és os nossos corpos
e as nossas almas e o nosso amor és tu também.
Onde nada está, tu
habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo.
Sol nascente
Juul, aurora da vida
Dá-me vista para te ver
sempre no céu e na terra,
ouvidos para te ouvir
no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a
água e alto como o céu.
Parabéns avô...
Torna-me grande como o
Sol,
para que eu te possa
adorar em mim;
e torna-me puro como a
lua,
para que eu te possa
rezar em mim;
e torna-me claro como o
dia
para que eu te possa
ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.
Nesta data querida...
Senhor, protege-me e
ampara-me.
Dá-me que eu me sinta
teu.
Senhor, livra-me de
mim.
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